Cuiabá, 20 de Julho de 2025
  
DÓLAR: R$ 5,59
Cuiabá, 20 de Julho de 2025
  
DÓLAR: R$ 5,59
Logomarca
facebook instagram twitter whatsapp

Esporte Sábado, 19 de Julho de 2025, 21:49 - A | A

Sábado, 19 de Julho de 2025, 21h:49 - A | A

Do chaturanga à era digital: a trajetória do xadrez e seus novos campeões

Jogo estratégico ganhou popularidade principalmente por meio da competição pelo título de campeão mundial, oficializado em 1886

Da Redação

No domingo (20/07), fãs da modalidade comemoram o Dia Internacional do Xadrez, esporte que atravessa gerações e segue, mesmo num mundo repleto de estímulos digitais, atraindo novos jogadores.

Para celebrar a data, fizemos um raio-x do xadrez, desde sua origem controversa até o panorama atual do esporte, passando pelas regras e teorias em torno dele.

Origem e versões antigas

A origem do xadrez é controversa e não há evidências confiáveis de que o jogo moderno existisse antes do século VI d.C. Peças antigas encontradas em várias regiões do mundo são, na verdade, de jogos anteriores e relacionados de forma distante.  

Um desses jogos antigos foi o "chaturanga", surgido no noroeste da Índia por volta do século VII, considerado o precursor direto do xadrez moderno por ter peças com poderes diferentes e vitória centrada na captura do rei.

O "chaturanga" evoluiu possivelmente para o "shatranj", que se tornou popular após 600 d.C. em regiões como Índia, Paquistão e Ásia Central.  

O "shatranj" introduziu uma nova peça, o "firzān", e as condições de vitória incluíam capturar o rei adversário. O jogo se espalhou para o leste, norte e oeste, adaptando-se a diferentes culturas.

Na Ásia, por exemplo, o xadrez chegou à China por volta de 750 d.C. e ao Japão e Coreia no século XI. A versão chinesa, conhecida como xadrez chinês, possui um tabuleiro maior e regras que tornam o jogo mais lento, destacando-se pela presença de um “rio” que divide o campo de jogo.  

Chegada à Europa

Uma versão do "chaturanga" ou "shatranj" chegou à Europa através da Pérsia, do Império Bizantino e principalmente do Império Árabe. O jogo mais antigo registrado, do século X, foi disputado entre um historiador de Bagdá e um aluno.

Os muçulmanos levaram o xadrez ao Norte da África, Sicília e Espanha por volta do século X, enquanto os eslavos o difundiram para a Rússia, e os vikings o levaram até a Islândia e Inglaterra, responsáveis pela famosa coleção de peças de marfim da Ilha de Lewis, datadas dos séculos XI ou XII.  

Apesar de proibições ocasionais por reis e líderes religiosos, como o Rei Luís IX da França em 1254, o xadrez cresceu devido ao seu prestígio social, sendo associado a riqueza, conhecimento e poder, e tornando-se um jogo favorito de vários monarcas europeus, conhecido como "o jogo real" já no século XV.

Regras

As regras e o formato do xadrez evoluíram gradualmente, com variações regionais ao longo dos séculos. Por volta de 1300, o peão ganhou a opção de avançar duas casas no primeiro movimento, mas essa regra só foi amplamente aceita na Europa depois de 300 anos.  

O maior avanço ocorreu a partir de 1475, quando o conselheiro foi transformado na rainha moderna, com grande mobilidade e poder, e o elefante virou bispo, ampliando seu alcance. Essas mudanças tornaram o xeque-mate mais comum e o jogo mais dinâmico, substituindo as partidas longas e lentas da era medieval.

As regras do roque e da captura "en passant" surgiram no século XV, mas só se popularizaram no século XVIII.  

Pequenas variações persistiram até o século XIX, como restrições na promoção de peões quando a rainha original ainda estava em jogo.

Visual das peças

Desde os tempos do "chaturanga", a aparência das peças de xadrez variou entre simples e ornamentada. Inicialmente, peças simples evoluíram para conjuntos figurativos representando animais e guerreiros, mas entre os séculos IX e XII, conjuntos muçulmanos adotaram designs simbólicos e não figurativos devido à proibição islâmica de imagens de seres vivos.  

Essa simplicidade facilitou a popularidade do jogo ao focar mais na estratégia do que na aparência das peças.

Com a expansão do xadrez para Europa e Rússia, os conjuntos voltaram a ser mais estilizados, muitas vezes decorados com pedras preciosas, e os tabuleiros passaram a ter quadrados alternados coloridos, feitos de materiais nobres.  

O rei se tornou a maior peça, a rainha aumentou em tamanho após 1475 junto com seus poderes, e o bispo recebeu uma mitra distintiva somente no século XIX. A torre e outras peças tiveram representações variadas regionalmente.

O design moderno das peças, conhecido como padrão Staunton, foi criado em 1835 por um inglês, Nathaniel Cook, e popularizado por Howard Staunton, sendo o único modelo permitido em competições oficiais internacionais.  

Pioneiras do Xadrez

A separação dos sexos no xadrez começou por volta de 1500, com a introdução da rainha e a percepção do jogo como uma atividade masculina, reforçada por restrições sociais no século XIX.

Apesar disso, mulheres começaram a se destacar, com clubes femininos surgindo na Holanda em 1847 e o primeiro torneio feminino em 1884. Jogadoras como Vera Menchik, primeira campeã mundial feminina (1927-1939), e as soviéticas dominaram o cenário até os anos 1990, quando a chinesa Xie Jun e as prodígias húngaras Polgár transformaram o panorama ao competirem também em torneios.  

As irmãs Polgár, especialmente Judit, alcançaram alto nível mundial, desafiando a separação tradicional. Desde então, o xadrez feminino tem ciclos regulares de campeonatos organizados pela FIDE (Federação Internacional de Xadrez), com campeãs como Hou Yifan e Ju Wenjun, refletindo maior integração e competitividade entre gêneros.

Teorias

No século XVIII, François-André Philidor foi o pioneiro na explicação sistemática do xadrez, destacando a importância dos peões. Suas ideias influenciaram Paul Morphy, que brilhou brevemente no cenário mundial sem deixar obras escritas.  

Wilhelm Steinitz, sucessor de Morphy, revolucionou o jogo com a "escola moderna", defendendo o equilíbrio posicional e o xeque-mate como objetivo final, visão aprimorada por Emanuel Lasker, que acrescentou aspectos psicológicos e defesas criativas.

Siegbert Tarrasch, outro seguidor, priorizou o controle de espaço e a mobilidade das peças, mesmo às custas de estruturas frágeis, popularizando as ideias de Steinitz com regras práticas.  

José Raúl Capablanca, que sucedeu Lasker, aperfeiçoou um estilo técnico e eficiente, focado em transformar pequenas vantagens em vitórias, evitando riscos e priorizando a simplicidade. Esse período consolidou um jogo mais posicional, com menos sacrifícios e gambitos, levando a um aumento dos empates rápidos no início do século XX.  

Popularidade

Nos últimos dois séculos, o xadrez ganhou popularidade principalmente por meio da competição pelo título de campeão mundial, oficializado em 1886.

Grandes eventos começaram no século XIX, com partidas notórias entre jogadores europeus, e desenvolveram para torneios internacionais organizados por figuras como Howard Staunton, que promoveu o design de peças Staunton.  

Emanuel Lasker foi campeão mundial por um longo período (1894-1921) e, durante seu reinado, especialmente perto e durante a Primeira Guerra Mundial, houve dificuldades e falta de organização para realizar partidas de campeonato.

Essas circunstâncias, somadas ao crescimento do xadrez internacional, contribuíram para o surgimento da FIDE em 1924, que passou a formalizar as regras e a organização dos campeonatos mundiais de xadrez.

Comente esta notícia

Canais de atendimento

Informações e Comercial
contato@agendamt.com.br
Telefones de Contato
+55 (65) 992024521
Endereço
Rua Professora Enildes Silva Ferreira, 8 QD 3 sala B - CPA III, Cuiabá/MT 78000-000
Expediente
Jornalista: Adalberto Ferreira
MTE 1.128/MT