O tarifaço dos Estados Unidos começou a valer desde ontem (4ª feira, 6/8), e mesmo com exceções, a maior sobretaxa aplicada a um país pelo republicano vai atingir 35,9% das exportações enviadas ao EUA e afetar produtos-chave da pauta comercial, como carne, café e frutas. Sem sinais de alívio, o governo vai focar em socorro aos setores mais afetados no Brasil, especialmente o agronegócio.
Parte do plano de contingência deve envolver um programa para compra governamental de produtos que seriam escoados para os EUA, principalmente de perecíveis, como pescados, frutas e mel. O Executivo pediu aos setores afetados uma lista com a mercadoria que deve “sobrar” e o preço que seria necessário para viabilizar a compra.
Em outra frente, o Ministério da Agricultura estuda aumentar a exigência de produtos naturais na fabricação de sucos, iogurtes e sorvetes industrializados.
LINHA DE CRÉDITO PARA PECUARISTAS E AGROINDUSTRIAS
O pacote deve prever ainda uma linha de crédito viabilizada pelo BNDES para pecuaristas e agroindústrias, com juros subsidiados pelo Tesouro. O plano é financiar capital de giro e abertura de mercados alternativos.
Segundo técnicos, a medida indica que garantias entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões seriam suficientes para estimular até R$ 20 bilhões em empréstimos do banco de fomento e do setor privado para as empresas afetadas.
A nova linha de crédito teria uma carência e prazo alongado de pagamento. Como o BNDES opera em parceria, a verba é direcionada a vários agentes financeiros para viabilizar a tomada do crédito.
A avaliação da equipe econômica é que, ainda que as tarifas sejam elevadas e prejudiquem bastante alguns setores específicos, as medidas de socorro devem ser suficientes “para acomodar” o impacto enquanto o governo continua tentando maior interlocução com Washington.