O número de brasileiros inadimplentes atingiu, em maio, seu maior pico desde 2023, com 29,5% da população economicamente ativa com dívidas em atraso. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) divulgada em 9/6 pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A capacidade dos brasileiros pagarem suas contas está há meses prejudicada pelo arrocho monetário que impõe a atual taxa básica de juros, de 14,75% ao ano, argumenta a entidade.
“O cenário que preocupa é a composição das dívidas, porque as famílias brasileiras estão se endividando cada vez em prazos mais curtos a juros mais altos, mostrando a pressão da taxa básica de juros no orçamento familiar. Isso leva uma pressão às famílias que têm dívidas e consequentemente, colocando elas em situação inadimplente”, avalia Felipe Tavares, economista-chefe da CNC.
Famílias que ganham entre 3 e 5 salários mínimos foram as mais prejudicadas, com aumento nos níveis de inadimplência de 2,8 p.p em relação ao ano passado.
ENDIVIDAMENTO
A parcela de pessoas endividadas em maio também foi a maior em meses, informou a pesquisa, atingindo 78,2% das famílias brasileiras.
“Comparado ao resultado do ano anterior, a taxa média de juros cobrada aos consumidores apresentou evolução pelo terceiro mês, já tendo influência sobre a inadimplência e percentual das famílias que não terão condições de pagar as contas atrasadas”, afirma a pesquisa.
O cartão de crédito – assim como todo o sistema bancário – são os maiores credores de dívidas em dia e atrasadas. De acordo com a CNC, 83,6% dos endividados estão pendurados no cartão de crédito, seguido pelos carnês (17,2%) e crédito pessoal (10,6%).
“Diante desse cenário macroeconômico de aperto, a gente vê em perspectiva 2025 ser um ano desafiador para as famílias, porque o endividamento e a inadimplência tendem a aumentar. No que tange a inadimplência, a gente pode fechar o ano de 2025 com 30,2% das famílias brasileiras inadimplentes”, o que configuraria o maior patamar da série histórica da pesquisa, alerta o economista da entidade.