Enquanto as cúpulas partidárias do Republicanos e o MDB encaminham acordo nacional para composição de uma federação partidária, que permitiria reunir quase 100 parlamentares na Câmara dos Deputados e a maior bancada no Senado, propiciando às duas legendas maior acúmulo de força, em Mato Grosso a articulação que deveria representar uma soma de forças provocaria uma disputa interna sem perspectiva de ser contornada entre o vice-governador Otaviano Pivetta e a deputada Janaína Riva.
No mundo da política a conciliação das divergências e interesses, na maioria das vezes acaba prevalecendo. Mas no caso específico de Pivetta e Janaína Riva, fatores que extrapolam a vontade política de ambos inviabilizam que eles possam fazer aliança política.
Para o vice-governador Otaviano Pivetta, atualmente no Partido Republicanos, uma aliança política com Janaina Riva (MDB) exigiria o rompimento com o governador Mauro Mendes e o partido do governador, União Brasil, além da quebra de relação com a base de apoio ao governo na Assembleia Legislativa. Opção que independente de outros aspectos, no custo benefício, representaria perda política e eleitoral muito grande, acima do retorno que um eventual acordo com Janaína Riva poderia trazer. De modo que é impensável imaginar que Pivetta romperia relação com Mauro Mendes, e forças políticas que compõem a base de apoio ao governo, para viabilizar um acordo com Janaína Riva, pois uma decisão dessa natureza foge ao senso de razoabilidade e pragmatismo político.
No projeto eleitoral em torno do projeto de Otaviano Pivetta para o governo, encontram-se alinhadas as candidaturas de Mauro Mendes ou de sua esposa Virgínia Mandes (União Brasil) ao Senado, e fechando a chapa majoritária viria José Medeiros (PL). Com a inclusão da candidatura de Janaína Riva, por força da Federação, o quadro muda substancialmente. Estimulada pelo resultado da pesquisa eleitoral na qual desponta como líder na disputa para o governo, Janaína defende que a escolha do candidato ao Paiaguás deve adotar como critério a opção por aquele nome que tiver melhor nas sondagens da vontade do eleitor. Noutras palavras, caso seu nome continue despontando com favoritismo nas pesquisas não abre mão de disputar o governo, decisão que representa um obstáculo para a candidatura de Otaviano Pivetta na Federação Republicanos-MDB.
Num outro cenário, as denúncias devastadoras de Janaína Riva contra o governador Mauro Mendes e familiares, provocou uma situação de ruptura política incontornável, caminho sem volta para uma aliança política e eleitoral. Tanto em decorrência do clima de animosidade e rejeição entre as partes, quanto em razão da desmoralização política que uma aliança traria para Mauro Mendes e Janaina Riva, depois das graves denúncias e feroz enfrentamento entre ambos.
Para acabar de complicar, na inimaginável hipótese de uma tentativa de acomodar Janaína, tendo Pivetta como candidato ao Governo do Estado, seria imprescindível abortar uma das candidaturas ao Senado na chapa majoritária do bloco governista: Mauro Mendes ou da sua esposa Virgínia Mendes, ou José Medeiros, candidato do bolsonarismo.
EXISTEM OUTRAS ALTERNATIVAS?
Seria possível manter uma composição da candidatura de Otaviano Pivetta ao governo, assegurando espaço para Janaina Riva concorrer ao Senado, mantendo uma espécie de coligação branca com Mauro Mendes ou Virgínia Mendes (UB) e José Medeiros (PL)? Não, pois legalmente as federações são obrigadas a apoiar seus candidatos, sob pena de punição com perda do fundo partidário e eleitoral, além da proibição da utilização do horário gratuito no Rádio e TV.
E não se trata de uma punição cuja aplicação depende de decisão dos partidos políticos envolvidos, entretanto é a Justiça Eleitoral quem aplica as penalidades com base na lei que regulamenta as federações partidárias. Portanto, não existe como os partidos não cumprirem a lei eleitoral e tendo a prerrogativa de julgar ilegalidades, passarem pano na situação e ninguém ser punido.
Então, que alternativa resta à Pivetta e Janaína, uma vez que a federação é formada por decisão das direções nacionais de cada partido e nos estados é obrigatório a seguir as regras? Diante da incompatibilidade, como se nota, deve ocorrer uma disputa pela hegemonia da federação, e àquela liderança que sucumbir no enfrentamento pelo controle, resta migrar para outra agremiação fora da Federação Republicanos-MDB, sob pena de se ver impedido de disputar cargo eletivo para o governo ou Senado.