A gritaria do agronegócio contra a suspensão temporária da liberação do Plano Safra 2024-2025, espelha com clareza a arrogância de agentes do setor e seus representantes, que exigem financiamento público, bancado com dinheiro dos impostos pagos pelos cidadãos, ao passo que parte expressiva não assume a responsabilidade de contribuir para o abastecimento do mercado interno.
Atualmente, em especial o setor exportador, que recebe substancial apoio através de planos safras bilionários (R$ 364,22 bilhões em 2023 e R$ 400,59 bilhões previsto para a 2024-2025), tem demonstrado total falta de responsabilidade em relação à segurança alimentar do povo brasileiro. Exporta em dólar e também dolarizam os preços no mercado interno, arrancando o couro dos cidadãos cujos salários e renda são auferidos em real, preocupados exclusivamente a abarrotar os cofres do segmento.
Noutras palavras, o agronegócio exige que o governo federal libere o Plano Safra sem atraso, financiamento bancado com dinheiro dos impostos pagos pela população, porém não se sente no dever de retribuir abastecendo a população, que paga os impostos de onde é retirado dinheiro para financiar o agronegócio.
O Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado) até a presente data não aprovou a Lei Orçamentária Anual (LOA para o ano de 2025), o que levou o Tesouro Nacional a retardar a liberação em razão da necessidade de submeter o Plano Safra à readequações motivada pelo aumento da Taxa Básica de Juro (Selic). Em virtude disso, se justifica a apreensão do agronegócio em razão do atraso trazer prejuízos ao segmento, porém não é verdade que o setor está preocupado com a “segurança alimentar” dos brasileiros.
Também não se discute o papel do agronegócio enquanto principal setor da economia do país, porém, é inaceitável que sendo o Brasil um dos maiores produtores de alimentos do mundo, se verifique a exploração inescrupulosa do setor com a venda de alimentos a preços escorchantes.
A exclusiva prioridade às exportações, por meio das quais se vendem em dólar, em prejuízo à segurança alimentar dos brasileiros, é verdade indiscutível, estampada nas prateleiras e balcões do comércio varejista, a tal ponto dos aumentos absurdos estarem obrigando às famílias e cidadãos a reduzir a compra de alimentos, dura realidade que traz impactos na qualidade de vida e saúde, visto que a alimentação é necessidade básica para a existência saudável das pessoas.