Desde 2010 geólogos e especialistas iniciaram a fazer alertas a respeito dos riscos de desabamento na área do Portão do Inferno. Porém, onze anos depois do surgimento dos primeiros sinais de erosão, em outubro de 2021 a Sedec (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico) do governo do estado divulgou que até dezembro daquele ano assinaria contrato com a Caixa Econômica Federal (CEF) para a construção do “Complexo Turístico do Portão do Inferno”.
O projeto da obra já havia sido aprovado pela Sudeco (Superintendência do Centro-Oeste), e o próximo passo seria obter a concessão da aprovação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pela administração do Parque Nacional da Chapada.
Com a conclusão da obra prevista para dezembro de 2022, o Complexo Turístico da Salgadeira receberia investimentos de R$ 20,1 milhões, sendo R$ 17,6 milhões de emenda do senador Wellington Fagundes e mais R$ 2,5 milhões de recurso estadual.
Na época do anúncio oficial feito pela Sedec o projeto foi protocolado no ICMBio, prevendo a edificação de mais de mil metros quadrados de área construída, contendo estacionamento, lanchonete, praça e área de contemplação, além de passarela de vidro suspenso sobre o penhasco com mais de 70 metros de altura.
O governo do estado encaminhou tratativas para estadualização do Parque Nacional da Chapada e chegou a assinar termo de cooperação entre a Sedec e o ICMBio em agosto de 2021. Entretanto, após controvertido processo, que inclusive envolveu disputa judicial, a concessão do Parque Nacional da Chapada foi entregue à empresa Parques Fundo de Investimento em Participações em Infraestrutura (PARQUES FIP), que já tem a concessão dos parques nacionais da Chapada dos Veadeiros (GO) e Caminho do Mar (SP), e dos parques estaduais do Ibitipoca e Itacolomi, ambos e Minas Gaeral.
A concessão do parque à iniciativa privada serviu de ducha de água fria na construção da obra, evitando transtornos ainda maiores em conseqüência da inadvertência em relação às previsões sobre a erosão e desmoronamento da área do Portão do Inferno. Um mal que acabou vindo para o bem, evitando o risco de que R$ 20,1 milhões de recurso público fosse desperdiçado devido a negligência do Governo do Estado em relação aos riscos de desabamento previstos por especialistas 11 anos antes.
Veja vídeo Planta Arquitetônica do Complexo Turístico do Portão do Inferno