Em Mato Grosso surgem várias hipóteses relacionadas à disputa majoritária do próximo ano. O governador Mauro Mendes (União Brasil) manifesta de modo reiterado, ter assumido compromisso com a candidatura do vice Otaviano Pivetta (Republicanos), vinculado à um acordo de compor a chapa majoritária ao Senado, com José Medeiros (PL), candidato do bolsonarismo.
Essa composição exclui o senador Jayme Campos e seu grupo político da disputa majoritária, tanto ao governo como Senado, o que pode resultar na junção de forças entre o senador licenciado e ministro, Carlos Fávaro (PSD), e também Janaina Riva (MDB), candidatos à disputa por cargos majoritários.
LEI DA SOBREVIVÊNCIA
Dessa forma, por uma questão de sobrevivência pode surgir uma composição com substantiva força eleitoral. Composição na qual as liderança contam com espaço suficiente para acordos que contemplem seus respectivos projetos eleitorais. Entre os três, o mais inclinado a disputar a eleição ao Governo do Estado trata-se do senador Jayme Campos, hipótese que facilitaria o acordo com Janaina Riva e Carlos Fávaro, ambos, preferencialmente, candidatos ao Senado.
Um aspecto que facilita a composição eleitoral entre tais lideranças, consiste no fato de que podem fazer acordo eleitoral na disputa majoritária sem a obrigatoriedade de apoiar exclusivamente Lula ou um candidato da direita: Tarcísio de Freitas, Eduardo Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, Ratinho Jr., Ronaldo Caiado e Romeu Zema. O apoio pode ser flexibilizado.
Outra perspectiva, trata-se da possibilidade de qualquer um dos três encabeçar a disputa como candidato ao governo, dependendo apenas de interesse e/ou acordo político.
ACUADO MAURO PODE DESISTIR
Noutro cenário, acuado por denúncias e obras estratégicas inacabadas, o governador Mauro Mendes ensaia recuar do projeto ao Senado. Nessa hipótese apoiaria a esposa Virgínia Mendes ao Senado e Pivetta ao governo. Ou seja, as portas continuariam fechadas para Jayme Campos.
Quanto a deputada Janaína Riva, depois das denúncias acerca do rumoroso escândalo sobre o pagamento indevido de R$ 308 milhões à empresa Oi S.A. telecomunicações, envolvendo o governo, tornou-se caminho sem volta a ruptura da deputada emedebista com Mauro Mendes.
Sendo titular de um dos mais importantes ministérios na Esplanada em Brasília, dispensa comentários que o senador licenciado Carlos Fávaro, apoiará o projeto de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
CONTRADIÇÕES DIFÍCEIS DE CONTORNAR
A partir de uma visão pragmática dos fatos, a conclusão mais óbvia é de que existem contradições difíceis de contornar no jogo de interesses políticos no tabuleiro eleitoral. Afinal, é difícil imaginar que o governador Mauro Mendes acolha o senador Jayme Campos para disputar com ele na mesma chapa ao Senado, pois nesse caso teria que romper acordo José Medeiros, cujo partido – PL - venceu em 22 cidades, entre elas Cuiabá e Várzea Grande, os dois maiores redutos eleitorais do estado, além da perda do apoio de Bolsonaro (PL), que mesmo inelegível é influente liderança política.
Caso renuncie à disputa ao Senado, Mauro Mendes pretende lançar a esposa Virgínia Mendes, visando manter o poder de influência política do clã familiar, mantendo a composição com Otaviano Pivetta ao governo e José Medeiros ao Senado. Permanecendo na disputa, da mesma forma, o governador manteria o acordo com José Medeiros e Pivetta. Para acolher Jaime Campos seria necessário Mauro Mendes se retirar da disputa e não lançar o nome da esposa Virgínia Mendes, em caso da sua desistência, ou romper com o vice Otaviano Pivetta, e assim encontrar espaço para lançar o senador Jayme Campos ao governo, para sustentar o acordo com o PL de Bolsonaro, José Medeiros, Abílio Brunini e Flávia Moretti e demais prefeitos do PL.
Algo pouco provável.