O gasto do setor público consolidado (União, Estados/municípios e estatais) com juros atingiu em maio deste ano a soma de R$ 92,1 bilhões – um aumento de 23,8% em relação ao mesmo mês de 2024 (R$ 74,4 bilhões), segundo dados do Banco Central (BC), divulgados na última segunda-feira (30/6).
Nos últimos 12 meses até maio, a despesa com os juros que, na prática, é uma transferência de renda do Orçamento para os bancos e detentores de títulos públicos, chegou a R$ 946 bilhões, o equivalente a 7,8% do PIB. Essa escalada reflete o ciclo de alta da taxa Selic, iniciado pelo BC em setembro de 2024, época em que a taxa básica de juro estava em 10,5%.
“Contribuíram para essa evolução os aumentos da taxa Selic e do estoque da dívida líquida no período”, informou o BC, em seu recente relatório de “Estatísticas Fiscais”.
Reprodução: BCB

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Hoje a Selic já se encontra em 15% e inviabiliza os investimentos públicos e privados, enfraquece a economia e a geração de novos empregos. Tudo sob o argumento de combate à inflação e de ancorar as expectativas do “mercado”. Estas “expectativas” do mercado pressionam o governo por cortes de investimentos públicos e programas sociais. Por outro lado, não se fala nada sobre limitar os gastos com os juros, este sim o principal responsável pelo crescimento da dívida pública.
A cada 1 ponto percentual a mais na Selic significa R$ 56,8 bilhões a mais sobre a Dívida Líquida do Setor Público (DLSP), ao longo de 12 meses, conforme o relatório de “Estatísticas Fiscais” do BC.
Embora o setor público consolidado - União, estatais, estados e municípios - tenha apresentado um superávit primário de R$ 24,1 bilhões em 12 meses até maio – sobre o custo de arrochar os investimentos em saúde, educação e infraestrutura, além de programas sociais -, quando incluído o peso dos juros, o déficit nominal chega a R$ 922 bilhões (7,58% do PIB) no período.