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Política Domingo, 07 de Setembro de 2025, 08:03 - A | A

Domingo, 07 de Setembro de 2025, 08h:03 - A | A

Guerra tarifária de Trump acelerou Acordo UE-Mercosul, que pode mudar o jogo do comércio internacional

Pacto entre os dois blocos deixa de ser apenas um tratado comercial para se tornar uma resposta estratégica ao ambiente internacional hostil criado pelo tarifaço imposto pelos EUA

Da Redação

Em julho, a UE teve que aceitar um acordo desequilibrado com os EUA, que fixaram uma tarifa máxima e abrangente de 15% sobre as exportações europeias (uma redução de 5%) e, ao mesmo tempo, garantiram tarifa zero para um amplo conjunto de produtos americanos vendidos na UE. Além do mais, a UE foi pressionada a comprometer-se com investimentos nos EUA (US$ 600 bilhões) e a aquisição de bens energéticos e materiais de defesa de empresas norte-americanas pelos próximos três anos (US$ 750 bilhões).

No mesmo mês, Trump ameaçou o Brasil e, em seguida, assinou um decreto impondo aos produtos brasileiros uma tarifa de 50% (adicionando 40% aos 10% divulgado em abril). Apesar de uma longa lista de exceções divulgada pela Casa Branca, a tarifa de 50% incidirá sobre 35,9% das exportações brasileiras para os EUA, afetando produtos simbólicos como, por exemplo: café, manga e goiaba (frutas), carne, açúcar, chocolate e peças automotivas.

Risco perder 800 bilhões euros em exportações pressionou Europa

Foto: Reprodução

Tendo os EUA como maior destino das exportações UE foi forçada a aceitar as imposições de Trump

Tendo os EUA como maior destino das exportações UE foi forçada a aceitar as imposições de Trump

UE percebeu que rejeitar as condições norte-americanas e, logo, retaliar com tarifas recíprocas colocariam em risco mais de € 800 bilhões (2024) em exportações de bens e serviços aos EUA. Embora os EUA sejam estatisticamente o maior destino das exportações da UE, sob a ótica geopolítica, tal dependência mostrou que a economia europeia está em uma posição vulnerável. É, por isso, que a UE se submeteu a um acordo desequilibrado com os EUA, confirmando a teoria econômica de que qualquer valor positivo é melhor do que nada (retaliando).

Brasil menos dependente de exportar para os EUA

Ao contrário da UE, o Brasil encontra-se economicamente menos exposto aos impasses norte-americanos. Isto porque apenas 12% do total das exportações brasileiras (US$ 40 bilhões) tem como destino os EUA. Logo, a retaliação econômica pode ser uma saída – já autorizada por Lula – para responder às sanções político-jurídicas dos EUA.

A triangulação EUA–UE–Mercosul e o “jogo de barganha”

A UE (responsável pela política comercial comum dos 27 países-membros) e o Mercosul (responsável pela política comercial de seus signatários, sendo que o Brasil responde por mais de 70% da economia do bloco) precisam acelerar a ratificação e a implementação do Acordo UE-Mercosul assinado em dezembro de 2024. Tal movimento estratégico pode ser visto como um “jogo de barganha”.

Enquanto os EUA buscam maximizar ganhos com tarifas unilaterais, a UE e o Brasil (via Mercosul) percebem que, diante de um rival comum, o Acordo UE–Mercosul deixa de ser apenas um tratado comercial para se tornar uma resposta estratégica a um ambiente internacional mais hostil.

REPRODUÇÃO

O acordo de livre comércio eliminará as tarifas de importação para mais de 90% dos produtos comercializados entre os dois blocos

O acordo de livre comércio eliminará as tarifas de importação para mais de 90% dos produtos comercializados entre os dois blocos

Em outras palavras, isto significa redirecionar parte das exportações europeias e parte das exportações sul-americanas para um novo mercado transatlântico – com 750 milhões de consumidores – que ofereça maior previsibilidade política.

No tabuleiro internacional, a lógica é simples: ao mesmo tempo em que a UE diminui sua vulnerabilidade frente aos EUA, o Mercosul amplia sua inserção internacional, reduzindo a vulnerabilidade política do seu maior jogador regional, o Brasil.

Estudos estimam que o Acordo UE-Mercosul pode aumentar o comércio bilateral em até 70% e o comércio intrarregional latino-americano em até 38%. Desse modo, resultaria a possibilidade de consolidar um bloco econômico cujo PIB agregado se equipararia ao dos EUA.

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