Lançado em 2020 pelo Banco Central (BC), o Pix se consolidou como um dos maiores avanços tecnológicos no sistema financeiro brasileiro. Com adesão de 92% da população adulta, segundo estudo do Google, o sistema de pagamentos instantâneos se tornou uma ferramenta essencial para a vida econômica do país. Agora, com a chegada do Pix Parcelado, prevista para setembro, a plataforma pode transformar ainda mais o setor, ameaçando o domínio dos cartões de crédito tradicionais.
A nova funcionalidade permitirá que os usuários realizem compras parceladas diretamente pelo Pix, sem a necessidade de um cartão de crédito. Isso representa um avanço importante em termos de acessibilidade e inclusão financeira, especialmente para os 60 milhões de brasileiros que não possuem cartão de crédito, mas já utilizam o Pix.
CARTÕES DE CRÉDITO SOB PRESSÃO
A evolução do Pix tem incomodado empresas operadoras de cartões, especialmente pelo potencial de substituir o crédito rotativo com taxas mais acessíveis. O uso do Pix Parcelado já começou a ser testado por algumas instituições financeiras e é conhecido por 52% dos consumidores brasileiros, que enxergam na nova modalidade uma alternativa prática e econômica ao parcelamento tradicional no cartão.
A popularidade do Pix cresce em todas as classes sociais, faixas etárias e regiões do país, mas é particularmente expressiva entre jovens de 18 a 24 anos, com 76% de adesão. Em contrapartida, o uso da ferramenta entre pessoas com mais de 55 anos ainda é limitado a 42%.
Apesar de o cartão de crédito continuar sendo o segundo meio de pagamento mais utilizado no Brasil, com 58% dos consumidores mantendo ou aumentando os gastos com ele nos últimos cinco anos, o novo cenário já aponta uma tendência clara de migração. Fatores como controle de orçamento e ausência de tarifas e anuidades tornam o Pix uma alternativa atrativa para consumidores conscientes financeiramente.
TRUMP CONTRA PIX PARA DEFENDER CARTÕES DE CRÉDITO

Donald Trump, presidente dos EUA, diz que Pix é concorrência desleal, para defender interesses dos cartões de crédito de empresas americanas
O impacto do Pix não se limita ao mercado interno. A ferramenta também está no centro de debates geopolíticos e comerciais. Pressionado por Donald Trump, que defende os interesses dos cartões de crédito, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já excluiu o Pix das negociações com os Estados Unidos, reforçando seu compromisso com a soberania tecnológica e financeira do país.
A administração de Donald Trump, por sua vez, chegou a classificar o sistema como uma possível prática desleal de concorrência, em tentativa de proteger empresas americanas que operam no Brasil e vêm perdendo espaço.
A plataforma também atraiu a atenção de especialistas internacionais. O economista Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel, mencionou o Pix como exemplo de inovação que desafia os sistemas tradicionais dos países desenvolvidos, destacando a eficiência da iniciativa criada por técnicos do Banco Central.
Mesmo líderes políticos com visões opostas, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, têm reconhecido o sucesso da ferramenta, muitas vezes tentando capitalizar politicamente sobre sua implementação, iniciada ainda durante seu mandato, mas com origens técnicas no governo de Michel Temer.