Na lista vermelha da Interpol, a polícia da Itália continua empenhada em localizar e prender a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP).
Segundo o embaixador do Brasil na Itália, Renato Mosca, a polícia italiana recebeu informação de que a parlamentar teria alugado apartamento nos arredores de Roma. Mas, no endereço, não foi encontrado ninguém.
“Não se sabe se ela alugou, mas não usou o apartamento. Há indícios, e os policiais vão atrás deles. A polícia italiana está numa fase de investigação para saber como ela tem circulado aqui na Itália.”
Zambelli viajou ao exterior no fim de maio, dias após ter sido condenada à prisão pelo STF (Supremo Tribunal Federal). A deputada, que passou a ser considerada fugitiva da Justiça, decidiu se afastar do mandato.
Os policiais italianos também investigam se a deputada federal estaria escondida na região de Nápoles.
A Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal), em português, organização intergovernamental que facilita a cooperação policial internacional para combater crimes transnacionais, embora seja frequentemente chamada de “polícia internacional”, não tem autoridade para prender ou investigar diretamente, atuando como apoio para as autoridades policiais nacionais.
O Brasil é membro da Interpol e possui escritório no complexo da Polícia Federal em Brasília, com representações estaduais.
O secretário-geral, principal executivo da organização, responsável por coordenar as atividades globais da Interpol, é o delegado da PF brasileira, Valdecy Urquiza, eleito em novembro de 2024. Ele substituiu Jürgen Stock, da Alemanha. O mandato tem duração de 5 anos.
PERMISSÃO PARA PRISÃO
Renato Mosca explicou que o mandado de prisão que a Interpol emitiu, e que foi homologado pela autoridade judicial da Itália, permite que os policiais possam prender a parlamentar a qualquer momento.
No entanto, a decisão não inclui, por exemplo, mandado de busca ou autorização para entrar no domicílio. “O que acontece é que eles monitoram a foragida, mas não se pode entrar numa casa ou mesmo num hotel”, explicou o embaixador.
Renato Mosca disse também que aguarda a prisão da deputada para dar seguimento ao processo de extradição.
“A embaixada fez a sua parte do ponto de vista da solicitação oficial de extradição do governo brasileiro. Eu fui ao Ministério de Negócios Estrangeiros e apresentei, formalmente, o pedido. O Ministério já entregou ao Ministério da Justiça, que encaminha agora à justiça italiana. Ela que vai analisar o processo e verificar as razões de a parlamentar ter sido condenada no Brasil”, informou.
DIREITO DE DEFESA
Segundo Mosca, Carla Zambelli terá amplo direito de defesa e poderá apresentar recurso, caso a decisão da justiça italiana lhe seja desfavorável. “E uma vez concluído o processo no âmbito judicial, ele retorna ao Ministério da Justiça italiano, que decide em última instância se extradita ou não a foragida”.
O embaixador diz estar confiante que a Justiça italiana reconhecerá que Carla Zambelli é condenada por crime comum.
“Estamos também confiantes de que o governo italiano acolherá o nosso pedido de extradição, baseado também na cooperação que os 2 países têm de excelente nível. Nós extraditamos, recentemente, 2 importantes mafiosos para a Itália, Vicenzo Pasquino e Rocco Morabito. Então, existe aí um trabalho precedente muito consistente.”