Em entrevista publicada neste sábado (14/6) pela Folha de S.Paulo, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) deixou claro que o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro a um nome da direita em 2026 dependerá da disposição desse candidato em conceder um indulto ao patriarca — e, mais do que isso, de garantir que o Supremo Tribunal Federal (STF) não venha a anular a medida. “Bolsonaro apoia alguém, esse candidato se elege, dá um indulto ou faz a composição com o Congresso para aprovar a anistia, em três meses isso está concretizado, aí vem o Supremo e fala: é inconstitucional, volta todo mundo para a cadeia. Isso não dá”, afirmou o senador.
Flávio retrata um cenário de conflito entre Poderes e insinua que o próximo presidente eleito pelo campo bolsonarista deverá estar pronto para confrontar o STF, inclusive “com disposição” para assegurar que uma eventual anistia ou indulto seja efetivada. Ainda que tenha negado qualquer ameaça, o parlamentar usou termos como “uso da força” e “interferência entre os Poderes” ao analisar possíveis desdobramentos jurídicos sobre a situação do pai. “Certamente o candidato que o presidente Bolsonaro vai apoiar vai ter que ter esse compromisso, sim”, disse.
O temor de Flávio é que nem mesmo um perdão presidencial baste: seria necessário escolher um presidente comprometido em enfrentar — por meios não especificados — o que chama de “ditadura do Judiciário”. “Se continuar nessa toada, o Brasil não vai estar em uma democracia, porque é uma interferência direta de um Poder no outro”, argumentou.
ANISTIA AMPLA, INCLUINDO ALEXANDRE DE MORAES
Flávio ainda propôs uma anistia ampla, que incluiria o próprio ministro Alexandre de Moraes, a quem acusa de “atos de abuso de autoridade”. Segundo ele, essa seria uma “saída honrosa para todo mundo”, incluindo o Supremo, o Congresso e o próprio Bolsonaro. “Para mim, a anistia é a saída honrosa para todo mundo. Para o Supremo, para o Alexandre de Moraes e para o Congresso, que está sendo muito humilhado em todo esse processo por ter deixado de defender institucionalmente parlamentares”, declarou.
A entrevista de Flávio Bolsonaro reforça que o projeto político do bolsonarismo para 2026 está condicionado à impunidade de seu líder maior. Mais do que ideias ou propostas, a principal exigência para qualquer candidatura à direita é garantir que Jair Bolsonaro não enfrente as consequências legais de seus atos. Trata-se, portanto, de um pacto pela sobrevivência política de um grupo que, mesmo afastado do Planalto, ainda acredita ter força para reconfigurar os limites da democracia brasileira.