Os influenciadores Lucas Rangel e Lucas Bley anunciaram que vão ser pais de uma menina, a Mia, por meio de barriga de aluguel nos Estados Unidos. Eles usaram o mesmo método de Paulo Gustavo e Thales Bretas para terem Romeu e Gael, de 5 anos.
Assim como os casais famosos, Cássio Freitas e Siomar Parreira fizeram o mesmo procedimento para realizar o sonho da paternidade e, hoje, estão com Antônio e Bento, de 2 meses, nos braços. Os dois contaram detalhadamente todo o processo - que é custoso e longo -, desde a escolha da clínica de fertilização até o nascimento dos gêmeos, além de explicaram por que fizeram a barriga de aluguel no país norte-americano.
Como tudo começou
Casados desde 2021, Cássio e Siomar sempre falaram do desejo de serem pais e de terem filhos com material genético deles. Por esse motivo, os dois descartaram a adoção e logo escolheram o método de gravidez de substituição ou útero de substituição, popularmente conhecido como barriga de aluguel, no qual uma mulher cede seu útero para gerar uma criança para pessoas que, por diferentes razões, não conseguem uma gestação natural.
"No total, foram três anos e quatro meses de processo. Casamos em novembro de 2021 e em dezembro começamos as entrevistas com as clínicas nos Estados Unidos. Escolhemos uma em Los Angeles, na Califórnia, a mesma que o Paulo Gustavo e o Thales Bretas utilizaram. Sempre teve claro que queríamos ser pais de crianças que tivesse material genético nosso. Sabíamos que seria um processo longo e custoso, mas, mesmo assim, era o que a gente queria", contou o casal.
Por que nos Estados Unidos?
A escolha de fazer o processo em outro país foi devida às normas do Conselho Federal de Medicina (CFM) no Brasil que, apesar de permitir a técnica, o útero de substituição deve ter um vínculo familiar de até quarto grau do casal e não pode ter fins lucrativos. Existe a possibilidade de uma mulher fora do vínculo familiar fazer o método, mas precisa ser autorizada pelo CFM.
Cássio e Siomar escolheram uma clínica de fertilização na Califórnia e foram para lá dar início ao processo. Eles fizeram tudo sozinhos, sem ajuda de uma empresa que oferece assistência: "Ninguém explica o passo a passo até os bebês chegarem nos seus braços. Fomos descobrindo ao longo do processo, tivemos dúvidas do início até o fim."
Escolha da clínica de fertilização
O casal queria ter gêmeos, dois meninos, sendo que um com material genético de Cássio e outro de Siomar.
"É preciso contratar uma clínica de fertilização para colher o nosso sêmen. Fizemos exames, preenchemos formulários e enviamos documentos - como antecedentes criminais -, traduzidos para o médico americano nos conhecer e entender se era viável iniciar o processo. Agendamos uma visita local em Los Angeles para colher o sêmen que foi congelado. Essa clínica também assiste à doadora de óvulos, que vai tomar as injeções de hormônio e fazer a coleta lá. Foram feitos embriões, metade com o meu material e metade com o material do Cássio, e o trabalho da clínica termina quando a barriga de aluguel faz a inseminação", explicou Siomar.
Fornecedora de óvulos
Além da clínica de fertilização, no caso deles, é preciso contratar uma agência que tem bancos de fornecedoras de óvulos. O curioso é que não só o casal precisa aprovar as candidatas como elas também dão o seu "ok" para os contratantes.
"Eles te mandam um catálogo com as fornecedoras, a agência faz uma análise até a quarta geração das candidatas em relação ao QI, doenças. A gente buscava como elas se relacionavam com as famílias porque é algo que a gente gosta. Se era uma pessoa saudável, gostava de atividade física, se gostava de música. Olhávamos os aspectos que batiam o que a gente gostava também", contou Cássio.
"Você tem acesso a toda essa ficha técnica e de personalidade das candidatas, mas elas também precisam te aprovar, você manda uma carta contando a sua história. Se der o match, passamos para a parte jurídica de assinar o contrato", completou Siomar.
Barriga de aluguel
A próxima etapa do processo é achar a candidata à barriga de aluguel. Para isso, eles contrataram outra empresa que disponibiliza possíveis candidatas. Da mesma maneira que a doação de óvulos, ambas as partes precisam ser aprovadas. Entretanto, neste momento, o médico da clínica de fertilização também faz uma análise da aspirante a barriga de aluguel.
"Essa parte demorou bastante, só acertamos a candidata depois de passar por oito porque para gêmeos tem uma série de critérios. O médico da clínica faz o exame na candidata para entender se está apta ou não para receber os embriões. O nosso médico era bastante rígido e gravidez de gêmeos é mais complicado", detalhou Siomar.
Durante a escolha da barriga, eles fizeram uma pausa no processo, por Cássio descobriu um câncer no testículo: "Estávamos na ansiedade de achar a barriga de aluguel e precisei fazer uma cirurgia. Logo depois do tratamento, voltamos a procurar e encontramos a candidata certa."
Gravidez
A fertilização in vitro (FIV) dos dois embriões deu certo na primeira tentativa. Os dois falaram sobre a emoção de receberem a notícia que estavam grávidos de gêmeos.
"Mesmo antes de implantar os embriões, a gente foi comprando tudo dobrado. Recebemos a notícia que estávamos grávidos, mas não sabíamos se tinha dois bebês ou não, mas quando soubemos que os dois embriões tinham dado certo, foi um alívio", descreveu Cássio.
Eles acompanharam a gestação dos bebês à distância e destacaram os momentos mais difíceis de lidar com a situação.
"Teve um dia que ela teve uma crise de sinusite com muita tosse e podia simular as contrações, outro dia que ela caiu no banheiro, mas ficou tudo bem. Embora ela tenha um contrato com a gente, só podíamos visitá-la nos dias e horários que ela tinha disponível. Fomos em dezembro do ano passado para ver a barriga e ela não pôde", disse Siomar.
Entretanto, os dois contaram que ficaram assustados com a naturalidade que a barriga de aluguel levava toda a situação: "Ela sempre falava que a barriga de aluguel era um negócio. Nas consultas, mandava vídeos falando com os bebês que estava com os pais no telefone. Ela tinha tido experiência com outras gravidezes desse formato. Para nós, brasileiros, somos quentes, para ela, era um objetivo nos entregar os bebês com saúde."
Nascimento de Antônio e Bento
Com a proximidade do nascimento dos gêmeos, o casal arrumava as malas, quando recebeu um telefonema que Bento não estava ganhando peso suficiente, pois não estava recebendo nutrientes no cordão umbilical. As chances de sobreviver fora da barriga da mulher eram maiores.
"Eles vieram prematuros, com sete meses. Na viagem antes do parto, passamos o voo inteiro em pânico com medo do que poderia acontecer com os bebês e com a barriga de aluguel. O Bento ficou 15 dias na UTI e o Antônio ficou 14."
Cássio fez uma observação interessante durante o papo sobre quando sentiu aquele amor inexplicável por seus filhos: "Estava feliz, mas não sentia amor, mas na hora que eles nasceram e colocaram as crianças no nosso colo, foi algo inexplicável. E no dia a dia, você cria uma conexão, um vínculo."
Como nasceram nos Estados Unidos, Antônio e Bento tem dupla cidadania: "Nasceram americanos, fizemos a certidão de nascimento e entramos com o passaporte americano. Demos entrada no consulado brasileiro a dupla cidadania."
Valores
Os dois contaram que gastaram cerca de US$ 200 mil, o equivalente a mais de R$ 1 milhão, no procedimento, sem contar as despesas da parte hospitalar do parto e passagens aéreas e hospedagem quando foram para os Estados Unidos.
O mundo não está preparado
Cássio e Siomar contaram que escolheram ter dois meninos porque estavam em Paris e viram a cena de um pai no banheiro masculino com a filha. Um homem entrou e não esperou a saída da menina para usar o mictório: "A gente escolheu dois meninos porque pensamos até em como íamos trocar os bebês em locais públicos. Normalmente, os fraldários ficam em banheiro feminino."
Além disso, o casal enumerou situações de preconceito.
"A história da mãe é algo que sempre surge. Perguntam onde está a mãe, como as crianças vão ser criadas por dois pais. Essas pessoas, normalmente, tem o mesmo perfil, seguem um dogma e não tem como argumentar. Você vai numa escola e pergunta como é a diversidade e a diretora fala que só tem casais 'normais'. Você vai numa loja e a vendedora fala para mandar uma foto da opção para mãe", contou Siomar.
"Até pessoas próximas falam: ‘vocês sabem trocar fralda, dar banho?’. Como assim? Somos pais, claro que sabemos. Você nota que até a comunicação da mídia em geral também é sempre voltada para mãe para coisas consideradas importante, como doenças. Precisamos evoluir muito", finalizou Cássio.