A série documental dirigida por Spike Lee para a ESPN Films sobre o ex-quarterback da NFL Colin Kaepernick — que gerou um debate nacional ao protestar contra a injustiça racial há quase 10 anos — não será lançada, informaram o cineasta e a ESPN neste sábado (16).
“ESPN, Colin Kaepernick e Spike Lee decidiram em conjunto não levar adiante este projeto devido a diferenças criativas”, afirmou a ESPN em comunicado à Reuters no sábado.
“Embora não tenha havido um desfecho definitivo, valorizamos todo o esforço e a colaboração dedicados a este filme.”
Lee declarou, na sexta-feira, que a série não seria lançada: “Não vai acontecer. É tudo o que posso dizer”, afirmou o diretor no tapete vermelho do jantar beneficente da Fundação Harold and Carole Pump, que arrecada recursos para pesquisa e tratamento do câncer, em Beverly Hills, Califórnia.
Questionado sobre a razão, o diretor vencedor do Oscar evitou dar detalhes, mencionando um acordo de confidencialidade. “Não posso. Assinei um acordo de confidencialidade. Não estou autorizado a comentar.”
Kaepernick atuou pelo San Francisco 49ers entre 2011 e 2016. Naquele último ano, deu início a um debate nacional ao se ajoelhar durante o hino dos EUA em protesto contra o racismo estrutural e a violência policial.
Hoje com 37 anos, ele não voltou a jogar na NFL desde então. Muitos analistas apontam que seu ativismo político — que inspirou um movimento e provocou a ira do então presidente Donald Trump — foi o principal motivo para as equipes evitarem contratá-lo.
Mais tarde, ele apresentou uma queixa por conluio contra os donos de times, resolvida em acordo com a liga em 2019.
Um representante de Kaepernick informou que o ex-jogador não comentaria sobre a série no sábado.
A produção da série teve início em 2022, com a ESPN, empresa pertencente à Walt Disney, apresentando-a como um “relato completo em primeira pessoa” da trajetória de Kaepernick, incluindo longas entrevistas com o atleta.
Em setembro, o site Puck News noticiou que o projeto enfrentava atrasos por divergências entre Kaepernick e Lee quanto à condução do filme, e que o presidente da ESPN, Jimmy Pitaro, considerava a possibilidade de permitir que os cineastas o apresentassem a outras distribuidoras.
