O presidente norte-americano Donald Trump tentou ajudar o ex-presidente Jair Bolsonaro a escapar de uma condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao incluí-lo entre as razões da sobretaxa de 50% que ameaça aplicar contra o Brasil.
Ao associar Bolsonaro ao ato, no entanto, ele jogou o ex-presidente em um "buraco" do qual terá dificuldade de sair.
A opinião é de aliados do ex-mandatário.
Pesquisas internas de partidos alinhados a ele confirmam os dados divulgados nesta quarta (16/07) pela Quaest: a aprovação de Lula oscilou positivamente depois do tarifaço de Trump, rejeitado inclusive entre eleitores bolsonaristas.
Trump, portanto, deu um discurso ao atual presidente e o "recolocou na rota correta". Já Bolsonaro está tendo que se explicar.
Aliados agora tentam encontrar uma saída para que o ex-presidente deixe de sofrer desgaste pelas medidas de Trump.
Consideradas por amplos setores econômicos e políticos como uma chantagem contra o país, elas podem trazer mais inflação, desemprego e comprometer o crescimento brasileiro.
Caso Trump não tivesse citado Bolsonaro na carta enviada a Lula para anunciar a sobretaxa, todo esse estrago cairia exclusivamente na conta do governo petista, avaliam aliados do ex-presidente.
A atitude do norte-americano poderia ser creditada à proximidade de Lula com países do Brics e a declarações criticas que ele já deu sobre Trump.
Ao declarar que sobretaxaria o Brasil, "em parte", porque Bolsonaro sofre caça às bruxas e exigir que o julgamento contra ele no STF pare "IMEDIATAMENTE!", Trump conseguiu o oposto: vinculou o ex-presidente irremediavelmente às duras medidas contra o Brasil, e transformou Lula no defensor da pátria.
O ideal, dizem aliados de Bolsonaro, seria convencer o norte-americano a retirar ou diminuir as taxas, aplicando sanções econômicas apenas contra ministros do STF —especialmente Alexandre de Moraes.
É algo, no entanto, que parece extremamente difícil: partidários do ex-presidente analisam que Trump não pretende apenas absolver Bolsonaro, mas sim enquadrar economicamente o Brasil de acordo com seus próprios interesses, como faz com outros países.
Nesta investida, deu uma carona ao ex-presidente. Os efeitos, porém, foram até agora contrários daqueles que Trump parecia querer alcançar.