O Brasil "respondeu" à pressão do presidente americano, Donald Trump, condenado o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro a mais de 27 anos de prisão por liderar uma conspiração fracassada para permanecer no poder após a derrota nas eleições de 2022. A avaliação é do jornal New York Times, que considerou a sentença um "desafio" ao chefe da Casa Branca. Isso, depois de o republicano ter imposto um tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros e "deixado claras suas exigências" para retirar as acusações.
“O Brasil respondeu na quinta-feira condenando Bolsonaro mesmo assim", escreveu o NYT na reportagem, publicada neste sábado e assinada pelo jornalista Jack Nicas.
O jornal destacou que a resistência tem marcado a resposta do Brasil a Trump desde que o presidente americano "começou a tentar intimidar" o país. "Até agora, não resultou em desastre", concluiu.
Na reportagem, o NYT destacou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viu seus números nas pesquisas aumentarem a partir dos embates com o homólogo americano. Já Alexandre de Moraes, o ministro do STF incluído no rol de sanções financeiras da Lei Magnitsky, "tem sido fortemente apoiado pelas instituições democráticas brasileiras", disse o jornal, que ainda citou o aumento de 4% nas exportações globais do Brasil em um mês, mesmo com as tarifas de 50% impostas por Trump, devido à alta de compras da China.
— Alguém acredita que um tuíte de um funcionário de um governo estrangeiro mudará uma decisão do Supremo Tribunal Federal? — disse o ministro Flávio Dino ao votar, na semana passada, em declarações reproduzidas pelo NYT.
ATÉ QUE PONTO EUA PODEM REAGIR?
Segundo o jornal, não está claro até onde os EUA estão dispostos a ir na "luta" contra o Brasil, sendo que o governo americano "já utilizou algumas de suas ferramentas mais poderosas". Além disso, novas medidas econômicas arriscam causar desgaste interno ao governo Trump.
Trump "não pareceu ansioso" para intensificar a briga ao ser questionado após a condenação do ex-presidente brasileiro, disse o jornal, que concluiu: "a campanha da Casa Branca contra o Brasil não impediu a condenação de Bolsonaro, mas prejudicou a imagem dos Estados Unidos no país e aproximou seu maior aliado no Hemisfério Ocidental da China".
O NYT acrescentou que a percepção público no Brasil sobre os Estados Unidos despencou e sobre a China, melhorou.