Ainda que o deputado estadual Júlio Campos, histórico dirigente da direita e um dos expoentes do União Brasil no estado, venha manifestando que a mobilização do partido se deve a necessidade de se iniciar as articulações voltadas à composição das chapas que concorrerão as vagas na Assembleia Legislativa de Mato Grosso e Câmara Federal, o principal problema que paira sobre a agremiação é a queda de braço do governador Mauro Mendes, presidente estadual da sigla, com o senador Jayme Campos e seu grupo político, em relação à composição da chapa majoritária. De maneiras, que será sob desconforto de desconfianças e divergências que podem dividir o partido, que o União Brasil (UB-MT) reúne o Diretório Regional no dia de hoje (2/6).
Há certo tempo o governador Mauro Mendes vem construindo uma engenharia eleitoral que contempla apoio ao vice Otaviano Pivetta (Republicanos), tendo como objetivo garantir apoio da Máquina Pública do Estado à sua candidatura ao Senado. No entanto, são cada vez mais frequentes as versões divulgadas na mídia estadual, de que o governador Mauro Mendes deve recuar da disputa da vaga ao Senado, ante a constatação de que dificilmente o governo conseguirá concluir as obras do BRT (Bus Rapid Transit, em português Ônibus de Trânsito Rápido), da mesma forma que a gestão estadual não tem condições de entregar antes da eleição as edificações dos hospitais regionais de Juína, Tangará da Serra e Confresa.
Os consórcios municipais de saúde dessas três cidades onde se encontram sendo construídos os hospitais regionais, somados a Cuiabá e Várzea Grande onde estão sendo edificada a obra do BRT, agregam 24 municípios, onde se concentram 1,7 milhão de habitantes (44,47%) da população e 1,041 milhão de eleitores (38,9%) do eleitorado, além do escândalo acerca do rumoroso caso envolvendo o pagamento indevido de R$ 308 milhões à empresa Oi S.A. de telecomunicações, indicadores do desgaste de Mauro Mendes caso venha a disputar a eleição para o Senado.
PARA FUGIR DO DESGASTE GOVERNADOR PRETENDE RECUAR E LANÇAR A ESPOSA VIRGÍNIA MENDES AO SENADO
Forçado a recuar, diante das adversidades, Mauro Mendes lançaria sua esposa, Virgínia Mendes ao Senado. O recuo do governador, somado à anunciada desistência do empresário do Agronegócio, Odílio Balbinotti, pré-candidato ao governo pelo Partido Liberal (PL), gerariam dúvidas que provavelmente, nem o tempo pode auxiliar a baixar a poeira e clarear o cenário para o encontro de alternativas que unifique a direita em Mato Grosso, em torno do projeto de manutenção do poder político no estado.
A princípio, uma chapa puro-sangue do União Brasil, composta pelo governador Mauro Mendes ou sua esposa Virginia Mendes ao Senado, e Jayme Campos ao governo, no plano eleitoral estrategicamente enfraquece o projeto de Mauro Mendes. A chapa puro-sangue estreita a candidatura sob o ponto de vista eleitoral, uma vez que tanto ele ou Virgínia Mendes, como Jayme Campos, transitam na faixa eleitoral do União Brasil (UB). O mais plausível para Mauro Mendes, portanto, é manter o apoio a Otaviano Pivetta (Republicanos), com representatividade nos municípios do Norte de Mato Grosso, e ampliar o raio de ação através de um acordo com o bolsonarismo em Mato Grosso, representado pelo Partido Liberal (PL).
WELLIGTON FAGUNDES E JOSÉ MEDEIROS, CANDIDATOS DO BOLSONARISMO EM MT
O bolsonarismo vai lançar candidatos para as eleições majoritárias em Mato Grosso: Welligton Fagundes ao governo, com a provável renúncia de Odilio Balbinotti e o deputado federal José Medeiros ao Senado. Candidaturas, ressalte-se, bem lastreadas pela vitória eleitoral em 22 municípios, entre eles Cuiabá e Várzea Grande, fortalecidas pelo apoio de Jair Bolsonaro, principal líder da direita do Brasil e com fortíssima influência em Mato Grosso.
Uma aliança muita atrativa para o governador Mauro Mendes, que fortaleceria, ainda mais, o projeto ao Senado.
No plano estadual não sobraria espaço para Jayme Campos compor com Mauro Mendes, Pivetta, Medeiros e Welligton Fagundes. No plano nacional, como a tendência de Ronaldo Caiado é sucumbir, Jayme não encontraria obstáculos para apoiar Lula, principalmente no segundo turno, que é outra eleição. Em tal cenário, não se pode descartar que diante da falta de opção, o senador Jayme Campos some forças com o ministro Carlos Fávaro e as forças oposicionistas de Mato Grosso.
Por último, se os problemas maiores vão ser debatidos, ou a direção do União Brasil (UB) vai empurrar a situação partidária delicada da agremiação para baixo do tapete, o resultado da reunião vai demonstrar. Mas que as contradições e choques de interesses estão colocados para serem enfrentados, e, pelo sim, pelo não, resolvidos, estão.