A funkeira MC Carol fez um desabafo sobre os ataques machistas e racistas que ainda recebe, mesmo após anos de carreira. Aos prantos, a cantora falou sobre as dificuldades que vive por ser uma mulher negra do funk. Nesta sexta-feira, 10, ela voltou às redes sociais e agradeceu o apoio de amigos e fãs após o momento de desabafo.
"Obrigada, pessoal. Estou menos pior que ontem. Eu sei que o mundo não vai mudar para nós mulheres, o mundo nunca foi gentil, principalmente para nós mulheres pretas periféricas! Parece que a gente nasce com umas obrigações e deveres concretado, que atravessa gerações", iniciou.
Carol ressaltou que, apesar de ter conseguido furar a bolha e romper com ciclos familiares, como a falta de estudo e a pobreza, ainda assim o sucesso não é suficiente para ser respeitada:
"Eu sei que todas as profissões, nós mulheres recebemos ataques machistas, mas vocês não têm noção do que é ser uma mulher preta que canta funk, não importa quanto eu ganhe, não importa se é um festival respeitado, não importa se eu estou dando palestra fora do país (...) Eu ainda sou tratada com preconceito e desrespeito, também de pessoas próximas!"
Na última quinta-feira, 9, Carol apareceu chorando no Instagram, falando sobre as dificuldades de ser mulher preta na cena do funk. A cantora quase não conseguiu falar, pois estava muito emocionada.
"Vocês não sabem o quanto é difícil ser mulher e cantar as coisas que eu canto. Vocês não têm noção das coisas que eu ouço. Desde lá de trás, desde quando eu comecei. Nunca tive apoio de ninguém, nunca. Nunca tive apoio de ninguém e, mesmo assim, sozinha, eu acreditei em mim, acreditei que ia dar em algum lugar, que eu ia conquistar minha independência", desabafou.
A funkeira lamentou que seu trabalho seja visto com preconceito: "Isso aconteceu, só que, até hoje, mesmo com o funk, com o que canto, tendo me dado coisas que eu não ia conseguir de outra forma, mesmo eu ajudando um monte de gente, mesmo assim, meu trabalho não é visto como trabalho. É visto como diversão, safadeza".
Ela ainda falou sobre investir na carreira de atriz para tentar conquistar mais respeito pessoal e profissional, mas, mesmo assim, enfrenta preconceitos.
"E não adianta o que eu faça, o que eu fale, não adianta. Eu ainda dei algumas entrevistas que eu estava entrando no mundo da atuação pra ter mais respeito, mas a mulher preta, dentro da arte, da música, da atuação, ela não tem respeito. As pessoas não sabem separar o que é a artista no palco e a pessoa", finalizou.