Yago Dora vive um momento especial. Campeão das etapas de Peniche, em Portugal, e Trestles, nos Estados Unidos, o brasileiro ocupa a segunda colocação do ranking do Circuito Mundial de surfe, sua melhor posição até hoje. E chega ao Brasil para a disputa da nona etapa do tour, em Saquarema, com status de favorito, ao lado de Italo Ferreira, atual campeão do evento. Os dois surfistas, por sinal, vivem uma rivalidade cada vez mais acirrada dentro do mar, mas fora da água, segundo Yago, os laços laços de amizade se estreitaram no último ano.
- Essa rivalidade que a gente tem acabou aproximando a gente. Acho que o respeito que um tem pelo outro é muito legal, de saber que esse cara trabalha duro por tudo que ele está conquistando, ele merece. Acho que os dois têm esse sentimento um pelo outro, sabe? Acho que isso faz a gente crescer no esporte. Adoro competir com ele. Eu sinto que ele que me puxa e me inspira muito - diz Yago.
Yago e Italo são hoje os únicos brasileiros no top 5 do ranking mundial. O primeiro campeão olímpico da história já foi o número 1 nesta temporada, mas caiu para a quarta posição depois de uma sequência de resultados ruins. Enquanto isso, o catarinense vem registrando campanhas bem-sucedidas e chega a Saquarema atrás apenas do sul-africano Jordy Smith, líder do ranking.
Amadurecimento e ano especial no tour
Os resultados expressivos desta temporada são fruto de muita dedicação e de uma decisão importante na carreira de Yago. Antes, treinado pelo pai, Leandro Dora, o catarinense passou a contar com a ajuda do treinador Leandro da Silva em 2025. O objetivo do surfista era procurar uma abordagem diferente e a nova parceria parece estar no caminho certo.
- Acho que eu amadureci muito esse ano. Tem tem sido um processo, né? A cada ano eu vou ganhando mais experiência, entendendo mais a competição, entendendo mais como usar meu surfe para extrair o melhor resultado possível e como jogar ali dentro das baterias. Esse ano eu estou trabalhando com técnico novo também, o Leandro da Silva. Eu cresci ali junto com meu pai e a gente conquistou muitas coisas juntos. Mas esse ano tem sido legal ter essa visão diferente, eu senti que me ajudou bastante a evoluir e a focar mais no que funciona para mim, seguir meu próprio trilho. Tenho amadurecido bastante e eu sinto que está dando resultado - disse Yago.
Favoritismo em Saquarema
Depois de dois títulos na temporada, Yago chega a Saquarema, lugar com o qual diz ter uma forte sintonia, cercado de atenção. Desde sua primeira participação na etapa do Rio em 2017, quando chegou como convidado e avançou até à semifinal, o catarinense garantiu resultados expressivos ao lado da torcida brasileira. Veja o retrospecto do brasileiro competindo em casa.
- Têm alguns lugares no mundo que você chega e parece que se sente em casa, né? Saquarema é um desses lugares para mim. Desde a minha primeira vez, eu já senti uma conexão com o pico. Desde quando eu ia competir eventos amadores em Saquarema e na primeira vez no CT. É o tipo de onda que eu gosto muito de surfar. É um "beach break" onde a onda proporciona manobra forte, proporciona aéreo, então dá para mostrar um repertório bem completo - comentou Yago.
Últimas etapas do ano e briga pelo título mundial
Yago nunca esteve tão perto de brigar pelo título mundial. Antes do Finals, em Fiji, os surfistas disputarão mais três etapas para se tentar se manter ou entrar no top 5 do ranking mundial. Para o atual número 2, Saquarema, J-Bay e Teahupoo são etapas que podem trazer bons resultados.
- Eu acho que as etapas que ficaram para depois do corte desse ano são minhas favoritas. Essas quatro etapas são lugares que eu amo, que eu me sinto muito bem e onde tive momentos muito bons. Saquarema, historicamente, é um lugar em que eu já tive boas performances. Eu estou bem animado. Estou muito feliz com a posição que eu estou e animado para cada passo dessa jornada.
Nos últimos quatro anos, Dora bateu na trave três vezes. Chegou perto de conseguir uma vaga entre os cinco melhores surfistas do mundo e brigar pelo título mundial no Finals - que era disputado em Trestles e este ano será em Fiji. O catarinense terminou em sexto lugar no ano passado, em sétimo em 2023 e em nono em 2021. Nesta temporada, ele não quer cometer erros e segue com um objetivo bem claro.
- Eu estou com foco total nisso, eu quero ser campeão mundial, eu sei que esse ano tem uma oportunidade muito boa pelos Finals serem em Fiji, que é uma onda que encaixa muito com meu surfe. Então eu quero aproveitar isso. Eu quero dar meu melhor para chegar lá top 5 com uma boa posição para brigar por esse título. O meu objetivo é ser campeão mundial - completou.