A Universidad de Chile se manifestou na noite desta quinta-feira sobre as cenas de violência ocorridas em Avellaneda, Argentina, nas oitavas de final da Copa Sul-Americana. O clube definiu o episódio como "surra brutal e desumana" e disse que a equipe está focada em ajudar os torcedores, já que as "questões esportivas" ficaram em segundo plano.
— A surra brutal e desumana sofrida por nossos torcedores na noite de 20 de agosto no estádio da Libertadores da América será lembrada como um dos capítulos mais violentos da história do futebol. Através de imagens amplamente divulgadas pela mídia e redes sociais, fica evidente a absoluta falta de proteção por parte do clube organizador e da polícia, que em nenhum momento garantiram a segurança de nossos torcedores e de nossa delegação — publicou a Universidad.
O Independiente se manifestou no começo da tarde desta quinta-feira e disse que os torcedores chilenos iniciaram a confusão. A nota afirma ainda que os dirigentes argentinos foram para o Paraguai dar explicações à Conmebol. A entidade sul-americana também soltou nota e disse estar apurando o ocorrido para anunciar as sanções. Os dois times correm o risco de serem eliminados.
A confusão ocorreu no jogo de volta das oitavas de final da Copa Sul-Americana entre Independiente e Universidad de Chile, na quarta-feira, em Avellaneda. Com o placar em 1 a 1, a partida foi suspensa no início do segundo tempo em razão de uma violência generalizada nas arquibancadas. O caso terminou com 19 feridos e mais de 90 detidos.
Confira o comunicado na íntegra:
"A surra brutal e desumana sofrida por nossos torcedores na noite de 20 de agosto no estádio da Libertadores da América será lembrada como um dos capítulos mais violentos da história do futebol.
Após o cancelamento da partida pela CONMEBOL devido à falta de garantias da equipe organizadora e das autoridades locais, nosso clube se concentrou em entender a situação de nossos torcedores afetados.
Em meio a rumores de mortes e sem nenhuma informação oficial das autoridades, uma delegação liderada pelo presidente Michael Clark e pelo gerente geral Ignacio Asenjo visitou os três hospitais nas áreas de Avellaneda e Sarandí para onde nossos torcedores foram levados no início da manhã. Graças a isso, foi confirmado que, milagrosamente, não houve vítimas fatais.
O diretor José Ramón Correa viajou de Santiago na manhã de quinta-feira para prestar às vítimas o apoio jurídico que estamos prestando atualmente. Com o retorno da nossa delegação esportiva a Santiago, a equipe de dirigentes e executivos visitou novamente os hospitais Fiorito, Presidente Perón e Wilde, onde recebeu notícias animadoras. Dos 19 hospitalizados, 16 receberam alta, e o paciente, em risco de morte, foi transferido para a UTI graças a uma melhora significativa após cirurgia para correção de fratura no crânio.
Também verificamos a situação dos torcedores detidos na terceira e quarta delegacias de Avellaneda. Também agradecemos e apreciamos a enorme assistência prestada pelo Cônsul do Chile em Buenos Aires, Andrea Concha.
O Clube forneceu à imprensa todos os detalhes sobre as identidades dos torcedores detidos e feridos para que suas famílias e entes queridos tenham certeza, dada a escassez de informações oficiais.
Como nosso presidente afirmou em suas diversas declarações hoje, as questões esportivas ficam em segundo plano quando vidas humanas estão em jogo.
Quando as situações que afetam nossos torcedores forem resolvidas, as questões esportivas serão abordadas, e a U fará todo o possível para garantir que a justiça prevaleça, que os indivíduos violentos sejam punidos com todo o rigor da lei e que aqueles que não cumpriram seu dever de organizar adequadamente uma partida sejam punidos.
Na quinta-feira, ao meio-dia, houve uma reunião com o Embaixador José Antonio Viera-Gallo, a quem agradecemos por seus esforços e transmitimos a gratidão da U ao governo pelas medidas tomadas, incluindo a viagem do Ministro do Interior, Álvaro Elizalde, em nome de nossos torcedores.
Através de imagens amplamente divulgadas pela mídia e redes sociais, fica evidente a absoluta falta de proteção por parte do clube organizador e da polícia, que em nenhum momento garantiram a segurança de nossos torcedores e de nossa delegação.
A torcida do Independiente entrou sem impedimentos na área visitante, atacando os poucos torcedores azuis e brancos que ali permaneceram. Atos de extrema violência e desumanidade foram relatados, impossíveis de detalhar neste comunicado devido à sua brutalidade. Eles também quebraram as janelas do nosso ônibus e tentaram entrar no vestiário para agredir nossos jogadores. Nos impressiona o fato de que, diante das imagens brutais de violência que circularam em toda a mídia, há cerca de 100 torcedores chilenos presos e nenhum agressor do time da casa.
Como Clube, sempre condenamos a violência. Nossa preocupação neste momento continua sendo com todos os afetados, em ajudar a garantir que a justiça seja feita e em garantir que a barbárie de Avellaneda nunca mais se repita.