A ameaça feita na noite de domingo (6/7) por Donald Trump de sobretaxar os países que se alinharem ao BRICS é a confirmação de que o crescimento e o fortalecimento do grupo, que hoje já superam 40% do PIB global em paridade de poder de compra, está incomodando bastante o império em decadência.
No mesmo dia, a cúpula dos chefes de Estado do BRICS alertava o mundo contra o uso de tarifas comerciais como armas políticas contra os demais países.
Outros integrantes do governo Lula também disseram nesta segunda-feira (7/7) que as ameaças de Donald Trump fortalecem as críticas do bloco contra medidas unilaterais no comércio internacional, como as tarifas impostas pelo regime ditatorial dos EUA. Na avaliação de um membro do governo brasileiro, a ameaça de Trump é a prova concreta da necessidade de defesa do multilateralismo e reforça a mensagem defendida pelo BRICS contra medidas unilaterais.
Um interlocutor do Itamaraty ressalta que as referências nos documentos do grupo são abrangentes e valem para diversos países, mas admite que o recado é principalmente destinado aos americanos.
NÃO SER SIMPLES FORNECEDORES DE MATÉRIAS-PRIMAS
O presidente Lula afirmou, na Reunião de Cúpula do BRICS de segunda-feira (7/7), que os países do Sul Global têm “condições de liderar o novo paradigma de desenvolvimento” e devem alcançar tecnologias mais avançadas para não serem “simples fornecedores de matérias-primas”.
“Não seremos simples fornecedores de matérias-primas. Precisamos acessar e desenvolver tecnologias que permitam participar de todas as etapas das cadeias de valor”, continuou.
“Estamos liderando pelo exemplo. Cooperando e agindo com solidariedade em vez de indiferença. Colocando a dignidade humana no centro de nossas decisões”, completou.
“OS BRICS ESTÃO FAZENDO A AGENDA DO MUNDO”, DIZ CELSO AMORIM SOBRE AMEAÇA DE TRUMP
Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Celso Amorim, assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais
A recente ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa adicional de 10% a países alinhados ao BRICS, para o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, embaixador Celso Amorim, a declaração norte-americana “não afeta em nada [o grupo], ela reforça a disposição de seus membros e parceiros associados de traçar nosso caminho e buscar mais independência”, afirmou Amorim em entrevista ao O Globo. Segundo ele, “os BRICS estão fazendo a agenda do mundo”.