Na audiências pública que a Câmara Setorial Temática (CST) da Concessão de Serviço Público de Energia Elétrica, da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), realizou em Sapezal, ocorreram muitas reclamações acerca dos serviços prestados pela Energisa Mato Grosso.
Presente na Audiência Pública, o vereador Ailton Monteiro reforçou que os transtornos vão além das quedas, afetando principalmente os bairros mais afastados da área central. Ele citou o caso do bairro Alvorada, onde uma Unidade Básica de Saúde (UBS) permanece sem atendimento há meses, pois o acionamento do ar-condicionado derruba a energia de toda a vizinhança. Monteiro também alertou que a deficiência no fornecimento tem comprometido o crescimento econômico do município. “Temos indústrias operando com apenas 30% de sua capacidade, e novos empreendimentos deixam de se instalar por falta de garantia no abastecimento”, destacou.
A defensora pública Camila Maia destacou outra preocupação grave: além da queima de eletrodomésticos, há pacientes em atendimento domiciliar (homecare) que dependem de equipamentos ligados 24 horas por dia, ficando em risco com as quedas constantes de energia.
Manoel Alves, morador do Setor Chácara, da Chácara Dedé, em Sapezal, relatou que a energia oscila ou falta sempre que o tempo muda, causando prejuízos e queima de equipamentos. Disse que o serviço é ineficiente e cobrou soluções urgentes.
TRANSTORNOS E PREJUÍZOS
Como pode ser visto, na audiência pública em Sapezal as denúncias se repetiram, em consequência dos transtornos e prejuízos causados pelas constantes quedas do abastecimento de energia elétrica, que danificam eletrodomésticos, equipamentos de empresas e indústrias, e interrompem o funcionamento regular de unidades de saúde e estabelecimentos comerciais.
E além disso, o mal funcionamento do sistema de abastecimento de energia inviabiliza atrair novas indústrias, um entrave para o desenvolvimento estadual. Mato Grosso se constitui no principal produtor do agronegócio do país, por isso detentor de farta matéria prima para a indústria de transformação, mas a inexistência de um sistema de abastecimento de energia elétrica confiável afuguenta investimentos na instalação de indústrias, e em consequência a unidade federativa sofre enorme prejuízo com a perda de arrecadação de impostos e geração de milhares de empregos, fatores que impactam diretamente para impedir o desenvolvimento socioeconômico e bem-estar da população.
VALE DO ARINOS SE MOBILIZOU POR MUDANÇAS URGENTES

Em abril, representantes de 6 municípios do Vale do Arinos se reuniram e criaram consórcio intermunicipal
Motivados pelos mesmos problemas observados em Sapezal, ainda no mês de abril deste ano, representantes de vários segmentos dos seis municípios da região do Vale Arinos realizaram reunião na sede do Sindicato Rural de Porto dos Gaúchos, que reuniu prefeitos, vereadores, lideranças sindicais, produtores rurais da região e representantes da concessionária Energisa Mato Grosso. A mobilização teve como pauta central a insatisfação com os serviços prestados pela Energisa, que têm impactado negativamente no agronegócio e a qualidade de vida nos municípios.
A reunião foi encerrada com o consenso da criação imediata de um comitê ou consórcio intermunicipal, coordenado pela Aprosoja com o apoio direto dos prefeitos do Vale do Arinos. A proposta é que esse grupo atue de forma permanente na interlocução com a Energisa, buscando garantir melhorias contínuas, tanto no curto quanto no longo prazo.
Para os produtores e cidadãos, ficou a expectativa de que esse movimento organizado consiga, enfim, romper o ciclo de promessas não cumpridas e colocar em prática as mudanças urgentes e necessárias no serviço de abastecimento de energia, para garantir a sustentabilidade do desenvolvimento da região.
Compõem a Região do Vale do Arinos os municípios de Brasnorte, Itanhanga, Juara, Novo Horizonte do Norte, Porto dos Gaúchos e Tabaporã, localizadas no norte do estado de Mato Grosso.