Após anunciar nesta terça-feira (3/6) que deixou o Brasil, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirmou que é “intocável na Itália” por ter cidadania italiana. A parlamentar foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão e à perda de mandato por envolvimento na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
“Como tenho cidadania italiana, eu sou intocável na Itália, não há o que ele [Alexandre de Moraes] possa fazer para me extraditar onde sou cidadã, eu estou muito tranqüila em relação a isso”, declarou a deputada em entrevista à CNN.
Além disso, Zambelli afirmou que viajou ao país norte-americano para realizar um tratamento de saúde, mas negou que seja por depressão. “Tenho psiquiatra e psicólogo no Brasil, inclusive, já me deram relatórios para que eu possa usar nos meus processos judiciais. Minha intenção era ficar no Brasil, mas percebo que nós não temos mais justiça no nosso país”, disse.
A deputada também criticou a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que mandou reter seu passaporte diplomático no ano passado. Segundo ela, a medida seria “ilegítima”.
Mais cedo, a deputada disse ao canal AuriVerde, no YouTube, que “estou fora do Brasil”. “Já faz alguns dias. A princípio, buscando um tratamento médico, é um tratamento que eu já fazia aqui [sem especificar o lugar]. Vou pedir afastamento do cargo”, adiantou a parlamentar.
Ela disse que ficará na Europa por ter cidadania europeia e que vai “denunciar a ditadura”, que, segundo ela, o Brasil vive. Segundo a deputada, ela vai pedir licença não remunerada, assim como fez o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos.
Zambelli, no entanto, está nos Estados Unidos, como revelou o portal Metrópoles, na coluna de Igor Gadelha.
FUGIU PELA FRONTEIRA COM ARGENTINA
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) deixou o Brasil pela fronteira com a Argentina, na região de Foz do Iguaçú, no Paraná, informa a TV Globo. Zambelli fugiu 20 dias após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal a 10 anos e 8 meses de prisão pela invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Após atravessar a fronteira, a deputada seguiu rumo à Buenos Aires, capital da Argentina, de onde pegou um vôo até a Europa, onde disse estar nesta terça-feira (3/6). Ela anunciou que pedirá licença do mandato.
Em agosto de 2023, Zambelli chegou a ter o passaporte apreendido por determinação do ministro Alexandre de Moraes no âmbito das investigações da invasão do sistema do CNJ. O documento foi devolvido e ela não teria restrições para sair do país. No entanto, a fuga pode resultar em novas medidas, como a nova retenção do passaporte, um pedido de prisão preventiva e a inclusão do nome da deputada na lista de procurados da Interpol.
Zambelli foi condenada pelo STF pela invasão aos sistemas do CNJ, decisão que pode resultar na perda de seu mandato de deputada e a tornar inelegível por oito anos. A inelegibilidade entra em vigor com a publicação da decisão de condenação, independentemente de o trânsito em julgado (quando não há mais possibilidade de recurso) ter ocorrido. Esse período de inelegibilidade começará a contar apenas após o cumprimento da pena, o que deve afastar Zambelli da vida pública por pelo menos 18 anos.
Apesar da condenação, a deputada ainda pode apresentar embargos de declaração para contestar a decisão, mas os recursos não impedem a execução da pena, que deve ser iniciada após a rejeição dos segundos embargos, caso haja essa decisão.