Apesar de um cateterismo bem-sucedido realizado nesta quinta-feira (12/12), após a cirurgia de emergência no início da semana, a situação adversa em relação à saúde enfrentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aumenta as dúvidas sobre as possibilidades de ele disputar a reeleição para o quarto mandato em 2026.
Lula terá 81 anos quando encerrar o 3º mandato à frente do Palácio do Planalto. Ele já é o presidente mais velho do Brasil, e com freqüência, em entrevistas e declarações públicas, sinaliza que pretende disputar a próxima eleição presidencial, em 2026. O chefe do Executivo já disse ter “70 anos, energia de 30 e tesão de 20”.
Mas como nem tudo na vida depende apenas da vontade das pessoas, a saúde em circunstância crítica é um complicador para Lula, acrescido do fato do governo patinar na economia, enfrentando forte oposição da mídia e os ataques especulativos do capital financeiro, através do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que nas três últimas reuniões retomou a trajetória de aumentos da Selic.
Enfrentando adversidades em razão da ofensiva da Farias Lima, que usa o Copom para promover aumentos seguidos da Taxa Básica de Juro (Selic), a economia caminha para um processo de concentração dos recursos em poder dos bancos e especuladores do capital financeiro, tendo como provável desdobramento o “sumiço” do dinheiro, a queda no consumo e prestação de serviços, e consequente aprofundamento da crise, com arrocho nos salários dos trabalhadores e redução da renda da classe média e a quebradeira das empresas.
Ou seja, o enfrentamento à fatores negativos podem causar desgastes à imagem de Lula, logo um cenário de desgaste do governo.
BOLSONARO
De outra parte, o ex-presidente Jair Bolsonaro, principal liderança das forças da direita, mesmo inelegível afirmou ser o “plano A, B e C” dentro do PL para concorrer à Presidência da República em 2026, em entrevista na Rádio Gaúcha. “A não ser depois da minha morte física ou política em definitivo que eu vou pensar em um possível nome”, afirmou o ex-presidente, declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até 2030.
A declaração do ex-presidente rebate a fala do seu filho, deputado federal Eduardo Bolsonaro, que sugeriu que poderia ser um “plano B” para concorrer ao Planalto.
O projeto de lei da anistia para livrar os condenados pelas ocorrências de 8 de janeiro de 2023 na Praça dos Três Poderes em Brasília, tramitava no Congresso Nacional com possibilidades reais de ser aprovado, e Bolsonaro seria contemplado, readquirindo condições para disputar a eleição de 2026.
No entanto, o episódio das explosões em frente ao STF em Brasília, ocorrido em 13 de novembro último, somado ao impacto causado pela divulgação do resultado bombástico do inquérito da Polícia Federal (PF), indiciando o ex-presidente por tentativa de golpe e suposta orquestração para assassinar o presidente Lula, o vice Geral Alckmin e Alexandre de Moraes, ministro do STF, enfraqueceu a articulação política destinada a aprovar a lei da anistia.
De maneiras, que as circunstâncias adversas enfrentadas, tanto por Lula como por Bolsonaro, ensejam incertezas, ainda que a definições dependam dos desdobramentos de fatos políticos futuros.
Ademais, como profetizava o falecido presidente Tancredo Neves: “A política muda como as nuvens”.