Os deputados aliados do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), ameaçam que podem não aprovar a isenção de 5% do imposto de renda, caso integrantes do governo classifiquem o Congresso como defensor dos ricos. Os deputados da oposição ameaçam de que o “pacote eleitoral” prometido por Lula para 2026 depende do Congresso, e não será aprovado.
Lula pretende melhorar sua popularidade e chegar com mais força para a reeleição sustentado por um pacote de ações, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000, a ampliação do auxílio-gás e da gratuidade da conta de luz para mais famílias, além do fortalecimento do Susp (Sistema Único de Segurança Pública).
Esses projetos todos estão no Congresso, com maior ou menos grau de dificuldade. Deputados aliados ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), dizem que um atrito maior com os parlamentares poderá comprometer o clima para votar essas medidas.
O relatório do projeto de lei do Imposto de Renda, por exemplo, já teve a apresentação adiada pelo relator, deputado Arthur Lira (PP-AL), e agora não tem data definida para divulgação.
O adiamento ocorreu após a Câmara e o Senado derrubarem na quarta-feira (25/6) o decreto que aumentou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para elevar a arrecadação. O Executivo avalia agora se recorre ao Judiciário para manter o aumento do imposto ou se promove novos cortes em investimentos, verbas dos ministérios e emendas parlamentares.
Justiça Social
Mas, paralelamente a isso, Lula adotou a estratégia de acusar o Congresso de estar ao lado dos mais ricos, enquanto o governo busca beneficiar os mais pobres. Nesta segunda (30/6), em ato no Palácio do Planalto, o presidente citou o pacote de medidas e afirmou que quer "fazer com que esse país se transforme num país justo".
"Nós vamos continuar fazendo justiça social. Podem gritar, podem falar, mas chegou o momento de fazer justiça pelo Brasil", apoiou o ministro Fernando Haddad (Fazenda).
As falas ocorreram após Motta gravar um vídeo para rebater as críticas e afirmar que "quem alimenta o nós contra eles acaba governando contra todos". Ele ainda disse que "a polarização política tem cansado muita gente, agora querem criar a polarização social".