Na última quinta-feira (24/7), o encarregado de negócios da embaixada americana, Gabriel Escobar, reafirmou em reunião com empresários o interesse do governo de Donald Trump nos minerais críticos e estratégicos brasileiros – como as terras raras, o lítio, o nióbio e o cobre. A indireta do embaixador foi interpretada como mais uma peça nas pressões que a Casa Branca está fazendo contra o Brasil, acirradas após o anúncio do tarifaço de 50% contra produtos brasileiros, que entra em vigor em 1º de agosto.
Como se observa, um dos objetivos de Donald Trump ao ameaçar e chantagear o Brasil, além de proteger os golpistas do clã bolsonaro, foi se apoderar dos minerais críticos e estratégicos que o país possui. O Brasil é o segundo país com mais reservas de terras raras do planeta, atrás apenas da China. E o país tem um tipo específico de elemento cada vez mais estratégico: o disprósio, elemento essencial para carros elétricos.
O professor da Escola Politécnica da USP, José Gomes Landgraf explicou, em entrevista a Julia Duailib, da Globonews, como as terras raras são um trunfo nas mãos do Brasil e como o país supera a China em relação ao disprósio.
“Disprósio serve para fazer ímãs que resistam a alta temperatura. Ele é usado em imãs usados na bateria de carros elétricos. Segundo o professor, o Brasil pode superar a China em negociações estratégicas envolvendo este tipo de terra rara. “E essas argilas iônicas brasileiras têm disprósio, uma quantidade significativa”, afirmou o professor. Segundo Landgraf, a China tem pouca quantidade de disprósio, enquanto o Brasil possui reservas significativas. As argilas iônicas brasileiras têm uma quantidade considerável de disprósio, segundo o professor.
“Estes minerais estão espalhados por muitos países. A Austrália tem, os Estados Unidos têm, a Índia e a Rússia são os que mais têm. Depois tem países com menos quantidade de terras raras ainda como reservas”, prosseguiu Landgraf. No Brasil, as terras raras estão em locais sempre associados com algum vulcão extinto. “Então, por exemplo, numa linha reta entre São Paulo e Brasília, tem Poços de Caldas, Catalão, Araxá e mais dois outros lugares que tivemos pequenos vulcões há 60 milhões de anos. E em todos eles nós temos hoje em dia a presença de teores significativos de terras raras que podem ser minerados”, argumentou o especialista.