A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou nesta quarta-feira (18) que a nova alta da taxa básica de juros anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) é "injustificada". Segundo o presidente da CNI, Ricardo Alban, “a irracionalidade dos juros e da carga tributária já está sufocando a capacidade dos setores produtivos, que já lidam com um cenário conturbado e possibilidade de aumento de juros e custo de captação de crédito”.
“É um contrassenso o Banco Central se manifestar contra o aumento do IOF enquanto decide aumentar a taxa de juros. Aonde se quer chegar? ”, questionou o dirigente por meio de nota emitida pela CNI.
Na avaliação feita por Alban, é preciso pensar em políticas de Estado, de longo prazo e sistêmicas. O presidente da confederação também lembra que o cenário compromete a capacidade de o Brasil aproveitar oportunidades abertas a partir da reconfiguração geopolítica em curso. “Insistimos na necessidade de pacto nacional para avançar com medidas estruturantes. O setor produtivo já exauriu sua resiliência.
”Para a CNI, a nova alta da Selic é incondizente com o cenário atual e prospectivo, pois a economia já manifesta os efeitos da política monetária constritiva, como a desaceleração da inflação. "Sem o início da redução da Selic, seguiremos penalizando a economia e os brasileiros. O cenário torna o investimento produtivo muito difícil no Brasil, com consequências graves para a economia", reitera o presidente da CNI.
A CNI acredita que ao menos cinco motivos justificariam a interrupção do ciclo de alta da taxa Selic: taxa de juros real crescente; crédito caro; economia em desaceleração; menor impulso fiscal; e sinais positivos da inflação.
Crédito
Segundo o Banco Central, a taxa de juros média cobrada das empresas nas concessões de crédito, considerando as linhas com recursos livres, subiu de 20,6% a.a. em setembro de 2024, quando se iniciou o atual ciclo de altas na Selic, para 26% a.a., em abril de 2025. No mesmo período, a taxa média cobrada dos consumidores passou de 52,3% a.a. para 57,4% a.a.
"Do lado das empresas, os juros mais altos inviabilizam diversos projetos de investimento, essenciais para ampliar e modernizar a estrutura produtiva do país, e também aumentam o custo do capital de giro, essencial para o cotidiano das empresas", avalia Alban. Do lado dos consumidores, os juros mais altos limitam a compra de diversos bens, sobretudo os de maior valor, que dependem mais de financiamento.
Inflação de maio com sinais positivos
Em maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) desacelerou. Com o resultado, a inflação acumula alta de 5,32% nos últimos 12 meses, abaixo dos 5,53% observados no mesmo recorte, até abril. Parte da melhora no quadro inflacionário se deve à desaceleração dos preços de alimentos. As perspectivas desse grupo seguem favoráveis, uma vez que a previsão de safra em 2025 melhorou, passando de crescimento de 12,2% para 13,6%, segundo o IBGE.
Outro grupo que ajudou na melhora da inflação em maio foi o de preços de bens industriais, que também perderam ritmo entre abril e maio. Justamente por conta do dado do IPCA de maio, as expectativas para a inflação no final de 2025, que já vinham sendo revistas para baixo há oito semanas, foram consideravelmente reduzidas na última publicação do Relatório Focus, do Banco Central, de 5,44% para 5,25%, fortalecendo a percepção de melhora no horizonte.