Em entrevista à TV 247, na sexta-feira, 20 de junho, o presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, fez uma avaliação contundente da conjuntura política brasileira, acusando o Congresso Nacional de atuar deliberadamente para inviabilizar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026. “O Congresso está trabalhando pela derrota eleitoral do Lula”, declarou.
Para Rui, o movimento parlamentar vai além de uma simples sabotagem institucional. “Não é apenas sabotagem”, afirmou. Segundo ele, o presidente da Comissão Mista de Orçamento, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), ao dificultar a execução de recursos federais, dá sinais de um projeto mais profundo: desmontar as bases do governo Lula e preparar o terreno para uma eleição presidencial “sem Lula e sem Bolsonaro”.
“Todos já estão percebendo que está sendo armada a eleição sem Lula e sem Bolsonaro”, alertou. Para o dirigente do PCO, essa articulação sugere um pacto da elite política e econômica para manter o controle sobre o sistema sem permitir qualquer alternativa de caráter popular ou minimamente reformista.
“Para ter impacto, é preciso ter briga feia”
Rui Costa Pimenta também criticou o que classificou como postura excessivamente conciliadora do governo federal diante dos ataques institucionais. “E não adianta falar que a culpa é do Congresso. Para ter impacto, é preciso ter briga feia”, afirmou, defendendo uma postura mais incisiva por parte do Palácio do Planalto diante do avanço conservador.
Na entrevista, ele resgatou a declaração do rapper Mano Brown, que disse que Lula é bom, mas o sistema é podre. Rui concordou e complementou: “Se Lula é bom e o sistema é podre, como diz Mano Brown, cabe ao presidente denunciar o sistema”.
Tarcísio e o risco de uma “máquina de moer carne”
O presidente do PCO também comentou sobre as articulações da direita em torno de uma candidatura alternativa à de Bolsonaro. Segundo ele, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, desponta como nome viável do campo conservador, mas representa um risco severo para os trabalhadores.
“Se Tarcísio for eleito, será uma máquina de moer carne”, declarou, sugerindo que seu governo seria de extrema hostilidade à classe trabalhadora e à soberania nacional.
Apesar disso, Rui reconhece a inteligência política de Jair Bolsonaro em relação ao seu entorno: “Do círculo bolsonarista, o mais inteligente é o próprio Jair Bolsonaro”.
“Lula terá que ser mais Getúlio do que Getúlio Vargas foi”
Rui concluiu a entrevista com uma analogia histórica que resume seu diagnóstico da encruzilhada enfrentada pelo presidente da República. “Neste momento, Lula terá que ser mais Getúlio do que Getúlio Vargas foi para Lula não ter um fim de carreira inglório”, disse, apontando para a necessidade de uma guinada mais combativa e popular no governo.
A entrevista de Rui Costa Pimenta à TV 247 escancara as tensões crescentes entre o Executivo e o Legislativo, além de colocar em perspectiva o desafio que Lula enfrenta para manter sua base de sustentação diante de uma elite que, segundo o dirigente, está operando ativamente para neutralizar sua liderança e inviabilizar seu projeto político.