No dia 4 de abril de 2004, em um artigo intitulado: “Portão do Inferno, rápidas soluções”, publicado pelo Jornal A Gazeta, uma crítica à obra que já por vários meses tentava “conter” deslizamentos de rochas através da colocação de frágeis telas na parte inferior da encosta, quando o problema era advindo da parte superior da escarpa.
Para esses trabalhos ilógicos e ineficazes, adotou-se o sistema Pare e Siga, obrigando desvios triplicando a distância passando por Campo Verde, ou duplicando através da estrada de Manso e Água Fria.
Depois de vários meses, percebendo a ineficácia daquela obra o Governo do Estado anuncia com pompas um tal Retaludamento, ou seja, a demolição daquela escarpa conhecida secularmente como Portão do Inferno.
Apesar de veementes alertas de especialistas em Geologia, de órgãos como a Universidade Federal e outros, inclusive o meu artigo sugerindo ao invés da destruição da montanha a construção de um viaduto atirantado (tipo a ponte Sérgio Mota), o governador de forma arrogante veio a público dizer que não aceitava “Pitaco” e que a decisão estava tomada e a obra (mirabolante) seria realizada.
Classificada como de “urgência”, sem licitação foi destinado cerca de R$ 30 milhões para os serviços. No local nenhuma placa informando o prazo ou valor da obra, em desacordo com a legislação.
Vários meses se passavam e as únicas ações foram a retirada da vegetação e a construção de um acesso precário para retirada de materiais, bastante danificado pela ação das chuvas.
Enquanto isso prejuízos incalculáveis, de ordem financeira, para o turismo, saúde, educação e outros, afetavam gravemente empresários, estudantes, a população em geral de Chapada, regiões do entorno e até outras cidades.
Passado as chuvas e bem mais de ano daquelas presepadas, pressionado por empresários e populares em geral, o governador Mauro Mendes veio a público dizer que “estudos posteriores” mostraram a inexequibilidade da obra.
Afirmação estranha e inacreditável, muito tempo após lançamento da obras sem licitação e destinação de vários milhões, inclusive aditivos.
As perguntas que não querem calar são várias: quem irá ressarcir os prejuízos aos diversos setores e a população afetada e aos cofres públicos lesados?
Mais perguntas: onde estavam os órgãos fiscalizadores, como Assembleia Legislativa, Tribunal de Contas, Ministério Público, Câmara de Vereadores, prefeitos da cidades afetadas?
Para finalizar, quero como Construtor de várias obras, edifícios, como Arquiteto, reafirmar a minha sugestão de que a mais viável será a construção de um viaduto atirantado, ao lado do pequeno já existente, sem a necessidade de interdição da estrada, ou de sistema Pare e Siga. E que a 251 seja transformada em uma estrada Parque.
Aluísio Arruda – Jornalista, Arquiteto e Urbanista, membro do PCdoB/MT