Conforme analisou com propriedade a economista de saudosa memória, Maria da Conceição Tavares, “Ninguém come PIB”, algo que a realidade apresenta elementos de sobra para comprovar. Cabe destacar, que a economista Maria da Conceição Tavares, que morreu aos 94 anos, em 8 de junho de 2024, em toda sua carreira se destacou por suas contribuições ao pensamento desenvolvimentista, e também por seu papel na formação de várias gerações de economista brasileiros.
O Produto Interno Bruto (PIB) é o índice que mede a produção de riquezas, porém não representa, por si só, que elas estejam sendo distribuídas de maneira justa, sendo que na maioria das vezes se encontram concentradas nas mãos de uma minoria, enquanto uma vasta gama de indivíduos sobrevive as duras penas, enfrentando adversidades, em consequência dos baixos salários e renda achatada, sendo que são protagonistas ativos na produção das riquezas auferidas no PIB.
LEI PARA APURAR SATISFAÇÃO DE VIDA DO BRASILEIRO, ALÉM DO PIB
Preocupada com o combate às desigualdades e desenvolvimento com justiça social do país, a deputada Tabata Amaral (PSB-SP) apresentou o Projeto de Lei 2518/2024, que propõe a realização de pesquisas de bem-estar para mensurar a satisfação dos cidadãos em relação às próprias vidas e formular políticas públicas de saúde mental, emprego e convivência social.
A proposta da deputada é que o Brasil vá ao caminho de outros países que já olham para o bem-estar da população. São avaliações de bem-estar conduzidas pelos próprios cidadãos de acordo com as suas expectativas. A ideia do bem-estar subjetivo é que ele seja, de fato, oferecido pelo próprio sujeito de acordo com o que ele quer para sua vida.
O projeto de lei apresentado pela deputada Tabata Amaral, propondo o sistema de contas nacionais de bem-estar não tem o objetivo de substituir o sistema tradicional de cálculo, mas sim de complementá-lo. A proposta é cruzar dados de bem-estar subjetivo com outras estatísticas para avaliar melhor as políticas públicas. Isso permitiria, por exemplo, redirecionar o orçamento de uma localidade para priorizar áreas como saúde, segurança pública, entre outras áreas, com base na forma como as pessoas avaliam a própria vida.
(Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

Proposta de lei da deputado Tabata Amaral (PSB-SP), propõe estabelecer que além do PIB seja medida a satistação de vida da população
O desempenho da economia já não significa mais sinônimo de popularidade em alta. Hoje, apesar dos índices da economia serem apontados como positivos e o desemprego estar na mínima histórica, a avaliação do governo praticamente não tem melhorado.
Essa é uma discussão global. Nos Estados Unidos, por exemplo, durante o governo Biden, o nível de desemprego historicamente baixo e renda crescente, mas a avaliação positiva não subia e o governo acabou perdendo a reeleição com a Kamala Harris, que era vice-presidente. Nos EUA, a economia cresceu nas últimas décadas e prosperou, mas, ao mesmo tempo, subiu a insatisfação devido a concentração da renda e queda do padrão de vida do cidadão americano.
Hoje 34 dos 35 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) medem esse tipo de informação em algum grau.
Todos essa fatos demonstram que PIB não traduz uma situação de satisfação do conjunto da sociedade, nem dos indivíduos, e precisa ser complementado por outras medidas que reflitam com mais precisão, a avaliação que as pessoas têm com a condição de vida e expectativas que alimentam.