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Política Terça-feira, 02 de Dezembro de 2025, 10:37 - A | A

Terça-feira, 02 de Dezembro de 2025, 10h:37 - A | A

Metade dos brasileiros está a um passo do abismo financeiro (parte 1)

DA REDAÇÃO

Metade dos trabalhadores brasileiros não consegue fechar as contas no fim do mês sem buscar dinheiro extra, aponta pesquisa da SalaryFits, empresa da Serasa Experian.

O resultado é uma população sem colchão financeiro: 52% das pessoas não têm qualquer tipo de reserva financeira, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

A vulnerabilidade se manifesta no endividamento crescente. Em outubro, 30,5% das famílias brasileiras tinham dívidas em atraso, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Pior: 13,2% afirmaram não ter condição de pagá-las.

No sistema financeiro, a inadimplência das pessoas físicas atingiu 6,7% da carteira em agosto — o maior nível desde fevereiro de 2013, conforme o Banco Central.

SEM RESERVA QUALQUER IMPREVISTO VIRA CRISE

O quadro se agravou. O percentual de brasileiros com algum tipo de reserva caiu de 44% em 2017 para 37% em 2024 — recuo de sete pontos em sete anos. Em agosto, 48,2% da população estava negativada — o maior índice desde 2016, segundo a Serasa. O ciclo é perverso: sem reservas, qualquer imprevisto vira crise.

Para cobrir emergências, recorre-se ao crédito. Com juros elevados, sobra ainda menos para poupar. E o juro brasileiro está entre os mais caros do mundo. A vulnerabilidade elimina planejamento de longo prazo. Comprar um imóvel, financiar educação dos filhos, garantir aposentadoria digna — tudo se torna inatingível. A vida se resume à gestão do mês corrente.

POR QUE O BRASILEIRO NÃO TEM POUPANÇA?

As causas são múltiplas e se reforçam: renda insuficiente, endividamento crônico, ausência de educação financeira, cultura do consumo imediato e trauma histórico de instabilidade econômica. Cada fator isolado já seria obstáculo grave. Combinados, criam barreira quase intransponível.

QUANDO NÃO SOBRA NADA NO FIM DO MÊS

A primeira barreira é a mais óbvia: renda insuficiente. Para metade dos brasileiros, o salário mal cobre despesas básicas — moradia, alimentação, transporte, saúde. Não se trata de escolha ou má gestão. É matemática: quando a renda se esgota antes do fim do mês, não há o que guardar.

DESEMPREGO E INFORMALIDADE AGRAVAM SITUAÇÃO

O desemprego e a informalidade agravam o cenário, embora ambos estejam em níveis historicamente baixos para os padrões nacionais — 5,6% de desemprego e 37,8% de informalidade no segundo trimestre de 2024, segundo o IBGE. Os informais vivem na incerteza: sem renda fixa ou previsível, a prioridade se torna sobreviver ao mês corrente. Mesmo entre formalmente empregados, salários estagnados e alta rotatividade impedem reservas consistentes.

GRANDE PARTE VIVE NO LIMITE DO ORÇAMENTO

"Grande parte da população vive no limite do orçamento", diz André Braz, coordenador dos índices que medem o custo de vida no Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). Mesmo quando há margem para poupar, o endividamento consome os recursos.

O crédito brasileiro está entre os mais caros do mundo. Juros do rotativo do cartão ultrapassam 400% ao ano; cheque especial cobra até 130%. Quem recorre a essas modalidades para cobrir emergências entra em espiral: as parcelas acumuladas comprometem a renda dos meses seguintes. Facilidades amplificam o problema.

Parcelamentos "sem juros", compras on-line em um clique, crédito pré-aprovado — tudo cria ilusão de que o dinheiro está disponível. O comprometimento do futuro só fica evidente quando o orçamento já não fecha.

Na edição de amanhã (quarta-feira) publicaremos a parte 2 deste artigo

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