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Política Quarta-feira, 23 de Julho de 2025, 08:32 - A | A

Quarta-feira, 23 de Julho de 2025, 08h:32 - A | A

Sanções dos EUA podem bloquear sistema de GPS no Brasil? Especialistas avaliam

Da Redação

Com a escalada de tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, especulações sobre possíveis sanções tecnológicas voltaram à tona — entre elas, a possibilidade de o governo americano restringir ou até mesmo "desligar" o sistema de geolocalização GPS em território brasileiro. Mas, afinal, isso é tecnicamente viável? E o que aconteceria se o sinal do GPS deixasse de funcionar por aqui?

O GPS (Global Positioning System) é uma constelação de satélites desenvolvida pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, originalmente para fins militares. Desde os anos 1990, no entanto, o sistema foi aberto para uso civil e se tornou indispensável no cotidiano global. Ele está presente em aplicativos de navegação, aeronaves, navios, agricultura de precisão, bancos, telecomunicações, monitoramento ambiental e até no funcionamento de tornozeleiras eletrônicas.

A precisão do sistema depende da triangulação de sinais emitidos por satélites em órbita, que estão a cerca de 22 mil km da superfície da Terra. Por isso, qualquer alteração na transmissão dos sinais pode impactar diretamente serviços essenciais em escala global.

A hipótese de desligamento do GPS no Brasil ganhou força após rumores circularem em grupos políticos e redes sociais, associando possíveis retaliações do governo norte-americano ao uso do sistema de geolocalização. No entanto, não há qualquer declaração oficial de Donald Trump ou de autoridades americanas sobre desligar o GPS no Brasil. A ideia, por ora, não passa de especulação e, segundo especialistas, sequer faz sentido técnico.

"Não há como desligar o GPS para uma região de forma seletiva. Para que isso se torne realidade, muitas alterações deveriam ser realizadas nos satélites e no segmento terrestres do GPS. Se desligar um deles, iria prejudicar uma região muito grande", afirma João Francisco Galera Monico, professor da área de Cartografia da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Paulo Sergio de Oliveira Junior, professor e pesquisador no Departamento de Geomática da Universidade Federal do Paraná (UFPR), concorda. "Tecnicamente, não é viável desligar o sinal do GPS apenas em uma região específica do planeta, como o Brasil. O sinal é transmitido continuamente por uma constelação de satélites em órbita, cobrindo todo o globo. Ainda que haja possibilidade de degradação intencional do sinal (o chamado selective availability, desativado desde 2000), o desligamento regional não é uma prática viável nem compatível com o sistema."

Além disso, os especialistas avaliam que uma medida desse tipo poderia prejudicar os serviços das principais empresas de tecnologia dos EUA, grandes aliadas do governo Trump — Amazon, Google, Meta, Microsoft e Apple têm serviços que dependem do sistema. "O GPS é utilizado globalmente em aplicações civis, comerciais e científicas, inclusive em dispositivos americanos, o que torna qualquer tipo de desligamento improvável e estrategicamente desvantajoso, inclusive para os próprios EUA", reforça.

EPISÓDIOS REAIS E AMEAÇAS VELADAS

Embora o desligamento pontual do GPS seja improvável, há precedentes de interferência em tecnologias espaciais durante conflitos geopolíticos. "Em 1982, durante a Guerra das Malvinas, entre Argentina e Reino Unido, as imagens de satélites foram interrompidas para os usuários na América do Sul, sobretudo aos usuários da Argentina e Brasil", conta Humberto Barbosa, coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (LAPIS), da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

Outro caso ocorreu na década de 1990, quando os EUA deslocaram um satélite geoestacionário que era fundamental para previsão meteorológica do Brasil, deixando o País sem imagens por um período temporário. Segundo Barbosa, o motivo do deslocamento ocorreu pela necessidade de monitoramento de furações na região do Atlântico Norte, cuja formação têm potencial de provocar desastres na costa leste dos EUA.

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