O ataque de Trump atesta o potencial do Pix para se coordenar com métodos de pagamento capaz de desafiar o duopólio Visa-Mastercard, analisa Alex Hoffmann, cofundador da PagBrasil.
Veterano do segmento, sua startup vem liderando um processo de internacionalização do Pix. Na semana passada, ao lado da gigante americana das maquininhas Verifone, a PagBrasil lançou solução que permite pagar com Pix no varejo dos EUA, como já havia feito em países da América Latina e Europa. A companhia também desenvolveu tecnologia que pluga o Pix a bancos de outros países, permitindo seu uso por estrangeiros.
Sobre as dificuldades que o presidente americano Donald Trump, pode criar para o Pix nos EUA, objetivando favorecer as bandeiras de cartões de crédito, Alex Hoffmann analisa que foi uma feliz coincidência, porque preparávamos esse lançamento havia dois anos. E não atrapalhou. Na verdade, acabou sendo um reconhecimento da qualidade do Pix.
Nossa parceira, a Verifone, vai focar sobretudo em Flórida e Nova York, que recebem muitos turistas brasileiros, além de redes de varejo nacionais. Além de turistas, pode-se repetir fenômeno que vemos em Portugal. Muitos imigrantes brasileiros que mantêm conta no Brasil preferem pagar com Pix nas lojas de Portugal que o aceitam pela facilidade e por não precisar fazer câmbio.
A opção do Pix estará disponível na maquininha da Verifone dos varejistas que quiserem aceitá-la. O cliente escaneia o QR code e vê o valor em reais, mas o lojista recebe em dólar. O spread cambial é da ordem de 2%, bem menor que o do cartão de crédito, e o consumidor consegue fazer tudo com sua própria conta bancária, sem necessidade de baixar qualquer app. A ideia é que ele pague como se estivesse no Brasil.
Antes de chegarmos aos EUA, expandimos para Chile, México, Argentina e, ano passado, para países como Espanha, Portugal, Holanda e China. O Uruguai, claro, é o mais avançado, com 6 mil estabelecimentos aceitando. No aeroporto de Montevidéu, tem gente que paga até combustível de jatinho com Pix. E o Pix provocou mudança na legislação, que passou a dar desconto no imposto pago por estrangeiro que compra com Pix, assim como ocorre com cartão. Além disso, também criamos uma solução que fecha a jornada de internacionalização do Pix na outra ponta.
“O duopólio vai espernear, mas não tem como parar a história, no máximo atrasar. Pode haver pressão de alguns bancos e alguns países, mas política é algo de momento. Já o Pix é imparável. Toda essa agenda do governo Trump acelera a busca por alternativas” afirmou.