Christian Chávez ficou mundialmente conhecido como o carismático Giovanni Méndez, da novela teen "Rebelde" (2004). Quem não se lembra da icônica gravata vermelha, do paletó despojado e dos cabelos coloridos que marcaram o personagem no universo adolescente que virou um fenômeno nos anos 2000?
Mais de duas décadas depois, Christian amadureceu. Hoje, aos 41, ele é mais do que um ex-"rebelde": é cantor solo, compositor, ator, ativista LGBTQIAPN+ e símbolo de autenticidade em uma indústria ainda marcada por padrões rígidos. Em "Sí", EP lançando pelo artista em 2025, o autoconhecimento e amor próprio são explorados por Chávez ao longo das quatro faixas que compõem o trabalho.
Chávez conta sobre os próximos passos da carreira e sobre como os novos lançamentos fazem com que ele, mais do que nunca, olhe para dentro.
"O EP começou com uma carta que o meu terapeuta me pediu para eu fazer antes da última turnê do RBD, para o Christian criança. Quando eu li, ao final, eu disse: 'Tenho que imprimir isso em música'. E para mim é todo um processo de liberação e aceitação [...] sem medo".
Ele relembra sobre quando notícias sobre sua sexualidade começaram a circular pelos veículos de comunicação, e reforça que, hoje, com seu trabalho autoral, sente que sua voz foi amplificada.
Minha história, quando a mídia me tirou do armário, foi algo muito agressivo. A verdade é que todo mundo falou sobre mim, sobre a minha verdade, e eu não tive a oportunidade de falar sobre o que aconteceu comigo. Então, agora, [...] eu tenho essa oportunidade de me confrontar com meus medos. Sobretudo, recuperar minha narrativa".
— Christian Chávez
RBD
Sobre a parceira de longa data com os amigos do RBD, Christian guarda com carinho os momentos em que o sexteto - ou quinteto, durante a última turnê do grupo -, viveu. Ele reconhece a importância do alcance do projeto, mas também reforça sobre encontrar o seu lugar agora, com a carreira solo.
Com a turnê do RBD, tive a oportunidade de me reconectar com esse Christian criança que queria ser muito mais feminino, muito mais queer, e o levei a um extremo máximo que foi como um protesto, um protesto social para incomodar".
— Christian Chávez
"Agora, sobretudo, [o momento] é de reencontrar minha voz fora de um grupo. Claro, fazer parte de um grupo tão grande como o RBD é maravilhoso, mas também, você se questiona, às vezes: qual a minha voz fora desse grupo? Quem eu sou como artista?", analisa, sobre a nova fase da carreira.
Música inspirada em 'Garota de Ipanema'
Entre as quatro faixas que embalam o EP do cantor, a música "Sí" - que, inclusive, batiza o projeto -, foi inspirada na clássica "Garota de Ipanema", de Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes. Ao portal, Chávez conta sobre a inspiração por trás da escolha.
"Se você escuta todo o EP, é como submergir, mergulhar em toda a minha história. [...] 'Sí' fala sobre me confrontar comigo mesmo, sobre as coisas que eu ainda não consegui na minha vida. É passar a um lugar de renascimento. Por isso, para mim, essa música de 'Sí' tem inspiração em 'Garota de Ipanema', porque só de pensar na praia do Rio, me faz bem. Eu tenho uma conexão muito forte com o Brasil. Um lugar onde me sinto feliz", conta.
Carinho pelo Brasil
Vez ou outra, uma corrente na rede social X tenta conseguir um CPF para Christian Chávez. Brincadeiras à parte, o músico não esconde o tamanho do carinho que sente pelo país e por seus fãs - pelo contrário: faz questão de ressaltá-lo!
"Vocês me fazem bem, vocês nunca soltaram minha mão quando eu estava duvidando de mim, em muitas ocasiões. Para mim, vocês me deram a segurança de me reconectar com o artista que eu sou", declara.
"A última turnê foi uma coisa maravilhosa, espetacular, mas, desde antes dessa turnê começar, os fãs [brasileiros] sempre estiveram lá, comigo. Então a conexão é a mesma, por isso que eu comecei a estudar português", entrega, aos risos.
Quando perguntado se gostaria de ter feito algo de diferente na carreira, o astro é enfático.
"Falaria muitas coisas, mas tudo aconteceu por uma razão. Se eu não tivesse vivido o que vivi, não estaria aqui, falando com você. [...] Não gosto de pensar o que podia ter sido diferente, porque já foi. Você tem que passar por muitas coisas para se encontrar, se conhecer, se respeitar. [...] Eu tinha que passar pela dor para me reconectar comigo mesmo", conclui.