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Variedades Terça-feira, 13 de Maio de 2025, 20:50 - A | A

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Festival de Cannes 2025 começa com forte presença brasileira e filme de Kleber Mendonça na competição

Diretor retorna à competição principal com 'O Agente Secreto'; Brasil é homenageado no Marché du Film e marca presença em várias mostras do festival

Da Redação

É tempo de Festival de Cannes, que inicia mais uma maratona cinéfila nesta terça-feira, e a Croisette - a avenida da Côte d’Azur, na França, que sedia o evento há cerca de oito décadas – ligou o “modo Brasil” em sua 78ª edição, incluindo o pernambucano Kleber Mendonça Filho na disputa pela Palma de Ouro. Ele concorre com “O Agente Secreto”, apoiado no carisma do ator baiano Wagner Moura, o eterno Capitão Nascimento. Dois anos depois de exibir lá o ensaio documental “Retratos Fantasmas”, o diretor, egresso do Recife, retorna à seleção competitiva que lhe concedeu o Prêmio do Júri, em 2019, por “Bacurau” (codirigido por Juliano Dornelles).

Indicado ao Globo de Ouro há quase uma década por “Narcos”, Wagner encabeça um bonde estelar que traz Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone, Hermila Guedes, Thomás Aquino e Edmilson Filho à frente da câmera, ao lado do divo alemão Udo Kier. A sessão oficial está agendada para domingo, mas outras expressões autorais do cinema nacional serão vistas (e aplaudidas) em múltiplas latitudes antes e depois dele. Trata-se de uma das mais expressivas participações do país no festival desde sua fundação, em 1939.

“Nos dias que antecedem a exibição de ‘O Agente Secreto’, a minha sensação é de estar na fila da montanha-russa, esperando para sentar num dos carrinhos e disparar para as alturas”, disse Kleber ao gshow ao ser anunciado pela terceira vez numa disputa de prêmios de Cannes, no ano em que o Brasil será a pátria homenageada pelo Marché du Film.

É esse o nome da ala de negócios de Cannes, onde firmam-se acordos de distribuição e de exibição. Nossa nação vai se impor no Marché como um território de foco dos debates sobre coprodução internacional. Não por acaso, neste fim de semana, na seção Un Certain Regard, entra em concurso “O Riso e a Faca”, longa produzido pela brasileira Tatiana Leite em dobradinha com Portugal, tendo o lisboeta Pedro Pinho como realizador.

No dia 19, data em que o cineasta e imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) Carlos Diegues (1940-2025), o Cacá, completaria 85 anos, o Palais des Festivals vai acolher, na seção Cannes Classics, o documentário “Para Vigo Me Voy!”. Com direção a quatro mãos de Karen Harley e Lírio Ferreira, o longa revisita o legado de filmes e crônicas literárias gerado pelo realizador alagoano da década de 1960 para cá. Ele concorreu à Palma três vezes e foi jurado de mostras variadas em 1981, 2010 e 2012, tendo exibido por lá “O Grande Circo Místico”, em 2018, em sessão hors-concours.

Colega de Cacá na ABL, o cantor e compositor Gilberto Gil será visto na mostra Semana da Crítica de Cannes, no próximo dia 20, atacando de ator, ao lado de Camila Pitanga, no curta “Samba Infinito”, de Leonardo Martinelli. Há ainda a presença do cineasta mineiro Marcelo Caetano no júri da Queer Palm, láurea LGBTQIAPN+.

Em meio a uma série de debates sobre o atual estado da produção cinematográfica brasileira após a conquista do nosso primeiro Oscar, dado a “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles em março, Kleber retorna a Cannes cercado por uma concorrência pesada. Tem um bando de rostos novos, recém-chegados ao certame francófono, como a espanhola Carla Simón e a japonesa Chie Hayakawa, mas há medalhões como os Irmãos Dardenne (da Bélgica), Lynne Ramsay (da Escócia) e Wes Andersen (dos EUA). Fora de concurso também tem astros do mais alto quilate, como Tom Cruise, que exibe “Missão: Impossível – O Acerto Final” ao público da Croisette na quarta, e Denzel Washington, que encabeça o elenco de “Highest 2 Lowest”, de Spike Lee, a ser exibido no dia 19. Fora isso, na abertura, na noite desta terça, Robert De Niro vai receber a Palma de Ouro Honorária pelo conjunto de suas quase seis décadas de profissão.

Depois de anos a fio acompanhando o agito da Croisette como repórter e crítico, Kleber exibiu por lá em 2005, o curta “Vinil Verde”, na Quinzena de Cineastas. Onze anos depois, estreou na briga pela Palma dourada de longas com “Aquarius” (2016), embalado por polêmicas políticas acerca do Impeachment de Dilma Rousseff – contra o qual ele reagiu com um protesto coletivo, ostentando cartazes improvisados em folhas de A4 que diziam “Golpe de Estado no Brasil”. Na ocasião, ele já era tratado como uma promessa pela crítica europeia pelo sucesso internacional de “O Som ao Redor” (2012), que inaugurou sua travessia nas telas no Festival de Roterdã, na Holanda. Agora, em seu regresso, Kleber revive a ditadura militar ao narrar a mudança na rotina de Marcelo, um especialista em tecnologia (vivido por Wagner) que foge de um passado misterioso e volta ao Recife em busca de paz. Ele logo percebe que a cidade está longe de ser o refúgio que procura.

“Em 1999, entrando nos 30 anos, eu cheguei em Cannes pela primeira vez e, ao chegar, havia uma sessão, às 8h30 da manhã de ‘Uma História Real’, de David Lynch, um diretor que fez parte da minha vida, com seus filmes magníficos, desde que eu era bem jovem. Na sequência, fui à conferência de imprensa dele, no Palais. Estar no mesmo espaço que David Lynch me deu a sensação de que eu era parte do cinema”, disse Kleber.

Quem vai julgar “O Agente Secreto” e os outros 21 candidatos à Palma é um júri presidido pela atriz francesa Juliette Binoche. Ela vai coordenar uma patota de talentos que reúne a estrela americana Halle Berry; a atriz italiana Alba Rohrwacher; a diretora indiana Payal Kapadia, que ganhou o Grand Prix du Júri de Cannes de 2024, pela realização de “Tudo Que Imaginamos Como Luz”; a roteirista franco-marroquina Leïla Slimani; o documentarista e produtor congolês Dieudo Hamadi; o multiartista sul-coreano Hong Sangsoo, hoje definido como o realizador mais prolífico da atualidade; o cineasta e produtor mexicano Carlos Reygadas; e o bombado ator da série “Succession”, Jeremy Strong, dos EUA. O trabalho deles vai de 13 a 24 de maio. Essa turma se apresenta no Palais hoje à noite, antes da sessão de “Partir un Jour”, da estreante Amélie Bonnin, que abre a programação.

Depois revelar para a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood a produção independente que ganhou o Oscar de Melhor Filme deste ano (“Anora”), o Festival de Cannes viu seu cacife ampliar com a indústria audiovisual. Seu respeito sempre foi tamanho GG, até se comparado a outros festivais tão longevos, quanto os de Veneza, Berlim, Locarno e San Sebastián. Contudo, em tempos de reconfiguração da cinefilia, com o boom dos streamings, a direção artística arquitetada pelo curador e programador Thierry Frémaux alcançou o endosso do mercado exibidor num grau poucas vezes visto. Pelos próximos 10 dias, Frémaux estende o seu tapete vermelho – historicamente disputado a tapa – para novos potenciais candidatos à estatueta hollywoodiana. Quiçá, “O Agente Secreto” vá brigar por ela. Cannes há de prever seu futuro.

Os 22 concorrentes à Palma de Ouro de 2025

"O esquema fenício", de Wes Anderson

"Eddington", de Ari Aster

"Ressurreição", de Bi Gan

"Jeunes mères", de Jean-Pierre e Luc Dardenne

"Alfa", de Julia Ducournau

"Renoir", de Chie Hayakawa

"A história do som", de Oliver Hermanus

"La petite dernière", de Hafsia Herzi

"Sirat", de Oliver Laxe

"New Wave", de Richard Linklater

"Dois procuradores", de Sergei Loznitsa

"Fuori", de Mario Martone

"O agente secreto", de Kleber Mendonça Filho

"Dossiê 137", de Dominik Moll

"Foi apenas um acidente", de Jafar Panahi

"Morra meu amor", de Lynne Ramsay

"O mestre", de Kelly Reichardt

"Mulher e criança", de Saeed Roustaee

"Águias da república", de Tarik Saleh

"Som de queda", de Mascha Schilinski

"Romeria", de Carla Simón

"Valor sentimental (Affeksjonsverdi)", de Joachim Trier 

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