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Variedades Quarta-feira, 18 de Junho de 2025, 20:40 - A | A

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Marcinho VP doa 100% da renda de livro para crianças e emociona com gesto inesperado

Ex-traficante está preso há mais de 25 anos

Da Redação

O escritor e ex-traficante Marcinho VP, nome pelo qual Márcio Santos Nepomuceno é conhecido nacionalmente após se tornar um dos líderes do Comando Vermelho (CV), deu um novo significado ao lançamento de seu novo livro “A Cor da Lei”, publicada pela Editora Kotter. Todo o valor arrecadado com a venda dos exemplares será destinado ao Fundo Municipal para a Infância e Adolescência (FIA-RJ), administrado pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente do Rio de Janeiro (CMDCA-RJ).

Enquanto cumpre pena na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná, desde 1996, Marcinho VP escreveu diversas obras. No mais recente livro, ele diz que tem como objetivo transformar as vendas em um impacto real na vida de crianças vulneráveis:

“Quero que este livro não só provoque reflexões sobre o sistema de Justiça, mas que também gere impacto real na vida de crianças que mais precisam de cuidado e atenção”, afirmou ele, por meio de sua assessoria.

Oruam, filho de Marcinho e um dos rappers mais conhecidos atualmente, fez duras críticas ao racismo presente na sociedade e elogiou a decisão do pai. “Meu pai lançou esse livro agora e no livro relata exatamente tudo que nós passamos. A lei tem cor sim e é preta! O racismo é perseguidor. Eu sou artista, tô no topo das paradas musicais e vivo sendo perseguido pela polícia. No fim, nunca acham nada de errado comigo. É difícil ver preto com pai presidiário fazendo dinheiro?”, questionou o artista, de 24 anos.  

A obra, que tem proposta de ser um referencial tanto no meio acadêmico quanto entre pessoas interessadas em entender os bastidores do sistema penal brasileiro, traz uma narrativa direta e pessoal sobre o racismo estrutural e as falhas do sistema de justiça.

Com “A Cor da Lei”, Marcinho VP e sua família esperam não apenas estimular discussões sobre justiça e desigualdade, mas também dar exemplo de que transformação e solidariedade são possíveis, mesmo diante de um sistema que parece determinado a apagar histórias de superação.

Para Oruam, que não chegou a conviver com o pai fora do sistema prisional, a doação total da renda do livro é uma prova do compromisso do pai com a sociedade, mas também evidencia como o preconceito racial e social ainda é um obstáculo intransponível para muitos:

“As pessoas falam tanto sobre ressocialização de presos, mas, na prática, isso não funciona. Meu pai virou autor de vários livros, entrou na Bienal, mas ninguém olha pra ele com olhos bons. Como as pessoas querem que os presidiários mudem de vida com tanta rejeição?”, declarou.

“Queria ver esses influenciadores que pagam de bonzinho fazer uma doação dessas, igual a do meu pai, que abriu mão de 100% da renda do livro. Eu sinto muito orgulho dele ter se tornado um autor, leio todos os livros dele. Mas ninguém acredita que um ex-traficante pode se tornar um homem de bom coração”, falou.

O CMDCA-RJ já foi comunicado oficialmente sobre a doação e garantiu que os recursos serão aplicados com responsabilidade em projetos voltados à inclusão e acolhimento de crianças em situação de vulnerabilidade, especialmente aquelas com deficiência.

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