O Mundial do Rio de Janeiro já está marcado na história da ginástica rítmica do Brasil. Pela primeira vez, duas atletas do país estiveram entre as 18 finalistas do individual geral, e Bárbara Domingos alcançou o melhor resultado de uma brasileira na prova, considerando todas as edições do torneio. O 9º lugar, com somatório de 112.200, ainda supera a posição de Babi nas Olimpíadas de Paris, no ano passado. Geovanna Santos, a Jojo, teve nota final de 107.450, ficou em 18º e também recebeu aplausos do público que compareceu em peso à Arena Carioca 1 nesta sexta-feira (22/08).
– Eu me entreguei de corpo e alma nas minhas séries, porque essa ginasta que vocês viram competir é a Babi que eu conheço. Foi algo incrível. Realmente me entreguei e pensei:
"se errar, pelo menos errei com convicção, tentando acertar". Foi com esse sentimento que entrei em quadra – comentou Bárbara, cujo sentimento de felicidade foi compartilhado por Jojo, que afirmou:
– Acho que o Mundial vai deixar um marco histórico. A ginástica do Brasil agora é uma grande potência, não só no conjunto, mas no individual também. E chega muito forte para as próximas competições. Agora pensamos em classificar não só uma, mas duas atletas para uma final. O Brasil tem grandes ginastas, como a Babi, a Maria (Eduarda Alexandre, reserva no Rio de Janeiro), eu e tantas outras meninas que fazem parte da seleção também.
O ouro ficou com a alemã Darja Varfolomeev, que registrou somatório de 121.900. A jovem de 18 anos tem dominado o cenário da ginástica rítmica. Subiu ao lugar mais alto do pódio em todas as cinco provas individuais do último Mundial (Valência 2023) e se sagrou campeã olímpica em Paris.
Stiliana Nikolova, da Bulgária, faturou a prata no Rio de Janeiro, ao registrar somatório de 119.300. O bronze foi para a italiana Sofia Raffaeli, com 117.950.
Com a participação na final do individual geral, Babi e Jojo se despedem do Mundial. As brasileiras não se classificaram para as decisões dos aparelhos, que ocorrerão no domingo (24/08), último dia do torneio.
A trajetória de Babi até o 9º lugar
A primeira apresentação de Bárbara na final foi com a bola. A paranaense ganhou a mesma nota das classificatórias: 27.250. Apesar do aumento da dificuldade da série, pequenas falhas de execução pesaram na avaliação dos árbitros. Sem se abalar, a ginasta voltou para a segunda rotação, com as maças, que tinham sido dor de cabeça na quinta-feira. Babi fez uma apresentação de alto nível, ao som de “Garota de Ipanema”. A exuberância da atleta e o ritmo da música cativaram os torcedores – e os juízes – na Arena Carioca 1, rendendo 29.100.
No terceiro aparelho, a fita, Babi também teve desempenho superior ao das classificatórias (quando registrou 27.200). Embalada pela música “Aquele Abraço”, de Gilberto Gil, a ginasta fez uma apresentação alegre, sempre com sorriso no rosto, e recebeu 27.600. Para encerrar a participação na decisão do individual geral, mais uma bela série, desta vez no arco, e nota 28.250. O somatório final foi de 112.200.
Como foram as apresentações de Jojo
Geovanna iniciou a final do individual geral com uma série no arco, que tinha sido o melhor aparelho da ginasta nas classificatórias (28.400). A brasileira mostrou uma coreografia vibrante, com carga dramática, mas menor nota de dificuldade. Assim, recebeu 28.250. Depois, voltou à ação ao som de “My Heart Will Go On”, trilha do filme “Titanic”, e levantou a torcida com uma bela exibição na bola, que adicionou 27.700 ao somatório.
As maças foram o terceiro aparelho de Jojo. Com temática de terror na série, a brasileira teve bom desempenho e fechou com nota 27.800. Na última parada da final, porém, a ginasta teve problemas com a fita e, enquanto aguardava a avaliação dos juízes, não segurou as lágrimas.
– Batalhei muito para estar aqui no Mundial, e o choro foi de alegria, emoção, gratidão, um pouco de tristeza por não ter feito a série de fita como eu gostaria. Sei fazê-la muito bem, já treinei bastante, mas o esporte é isso. Acima de tudo, chorei por ter lembrado de 2023, (no Mundial de) Valência, quando eu fiquei em 13º lugar nas classificatórias. Ontem, também avancei em 13º. Passou um filme de que, há dois anos, eu tinha todas as condições de me classificar para as Olimpíadas (de Paris), mas não eram os planos de Deus para mim – disse Jojo, após receber 23.700 pela apresentação na fita e fechar a decisão com somatório de 107.450.
Conjunto estreia no sábado
A sequência do Mundial do Rio de Janeiro terá a estreia dos conjuntos. Neste sábado (23), na sessão de 14h (de Brasília), a equipe brasileira entrará em ação na Arena Carioca 1, no Parque Olímpico do Rio de Janeiro. Duda Arakaki, Nicole Pircio, Sofia Madeira, Mariana Gonçalves e Maria Paula Caminha chegam ao torneio como postulantes a uma medalha inédita.
O primeiro dia do conjunto terá classificatórias das séries de cinco fitas e três arcos/duas bolas. O somatório das notas das duas apresentações também definirá o pódio da prova geral. Ou seja, medalhas serão distribuídas no sábado.
Depois, no domingo, os conjuntos voltarão à quadra para as finais de cada aparelho. Também ocorrerão as decisões individuais por aparelhos, mas sem representantes do Brasil, já que Babi e Jojo não se classificaram.
Confira a programação do fim de semana
SÁBADO (23)
14h-16h30 – Conjunto – Geral – 5 fitas e 3 bolas/2 arcos - BRASIL
17h-19h – Conjunto – Geral – 5 fitas e 3 bolas/2 arcos
DOMINGO (24)
11h-11h35 – Individual – Final – arco
11h40-12h15 – Individual – Final – bola
12h50-13h35 – Conjunto – Final – 5 fitas
14h-14h35 – Individual – Final – maças
14h40-15h15 – Individual – Final – fita
15h50-16h35 – Conjunto – Final – 3 bolas/2 arcos