A Política Federal voltou a prender nesta quarta-feira (12/11) o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, peça central no esquema em investigação sobre venda de sentenças no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Ele havia sido preso preventivamente pela primeira vez em 26 de novembro de 2024, mas deixou o Presídio Federal de Brasília em 18 de julho, devido à avaliação de que sua saúde estava frágil. A decisão que transferiu Andreson do presídio para a prisão domiciliar se apoiava em um laudo médico e em imagens que mostravam magreza extrema e evidente fragilidade de saúde. Andreson alega inocência e ainda não foi a julgamento.
Na manhã desta quarta-feira (12/11), a PF voltou à casa dele, em Primavera do Leste, para cumprir um novo mandado de prisão, por ordem do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF). O que mudou foi a constatação de que Andreson já se recuperou. O que segue igual foi a conduta do investigado, que segundo a PF continuava operando no esquema de tentativa de manipular decisões judiciais.
A ordem de prisão, mantida sob sigilo, foi confirmada à Revista Piauí Notícias por três fontes com acesso à investigação. A operação ainda está ocorrendo e também tem outros alvos, além dele.
A PF já havia batido à porta de Andreson em 3 de outubro diante da suspeita de que, mesmo em prisão domiciliar, ele continuava o esquema de venda de sentenças no Judiciário. Na ocasião, iniciou-se uma avaliação médica que, finalmente concluída, possibilitou a decisão que, agora, devolverá Andreson Gonçalves ao presídio.
Procurado pela reportagem, o advogado Eugenio Paccelli enviou a seguinte nota: “Decisão tão surpreendente quanto desfundamentada. Esqueceram o laudo do IML e seu diagnóstico com base em exames de imagem e outros, para validar 50 minutos de dois policiais médicos na casa dele. A ser assim, se ele se suicidar, dirão que, como foi voluntário o suicídio, ele deverá ser enterrado no presídio”.
Segundo a Revista Piauí Notícias, durante dois anos Andreson Gonçalves circulou por Brasília e Cuiabá apresentando-se como advogado, com uma carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Pará, obtida de forma fraudulenta, que já estava anulada desde 2020. Zanin o define como o articulador de um “verdadeiro comércio de decisões judiciais” no STJ.
Segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), ele e seus sócios na Florais Transportes realizaram centenas de transações suspeitas, envolvendo mais de 1,5 mil pessoas físicas e jurídicas e movimentando 2,8 bilhões de reais.


