O projeto em tramitação na Câmara, que busca a equiparação das facções com organizações terroristas, ampliando o tempo de prisão, além de transferir a apuração de crimes para a esfera federal, tem o potencial de abrir brechas para sanções econômicas ao Brasil ou ações americanas mais invasivas sob o pretexto de guerra ao terror.
Pesquisadores da área apontam ainda para o risco de afastar investimentos, já que multinacionais e instituições financeiras costumam adotar parâmetros mais restritos de atuação em locais onde há a presença de grupos terroristas.
Outro efeito colateral seria deixar ainda mais vulneráveis pessoas que são vítimas da atuação do tráfico. Isso porque o pagamento da chamada “taxa de proteção”, método de extorsão de grupos criminosos em áreas sob seu domínio — poderia ser enquadrada como “financiamento ao terrorismo”, o que coloca indivíduos e empresas na mira de sanções de países como os Estados Unidos.
62% REJEITA AÇÃO DOS EUA NO BRASIL
Antes mesmo da operação no Rio, a mais letal da história do país, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou ter “inveja” do que os Estados Unidos estão fazendo na região do Caribe. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro compartilhou uma publicação do secretário de Defesa de Trump, Pete Hegseth, e o convidou para aplicar no Brasil o mesmo método de bombardeio que colocou Venezuela e Colômbia no alvo. “Ouvi dizer que há barcos como esse aqui no Rio de Janeiro, na Baía de Guanabara, inundando o Brasil com drogas. Você não gostaria de passar alguns meses aqui nos ajudando a combater essas organizações terroristas?”, publicou Flávio.
Na pesquisa Genial/Quaest realizada no Rio após a operação, uma pergunta mostra como a população, que já rejeitava outros tipos de ação dos EUA no país, repele também a ideia de contar com eles para combater o tráfico. Perguntados sobre a sugestão de Flávio, 62% a rechaçam, contra 36% que a encaram de forma positiva.


