O Anuário Estatístico da Educação, que expõem a precariedade da educação básica no país. Precariedade que vem comprometendo a qualificação de seguidas gerações e produtividade no mercado de trabalho.
A título de dado comparativo para análise, um trabalhador americano produz aproximadamente o mesmo que quatro brasileiros, conforme indicam estudos. Produtividade essa relacionada, entre outros fatores, à educação.
Elaborado pela organização Todos pela Educação, em parceria com a Fundação Santillana e a Editora Moderna, o anuário expõe uma realidade catastrófica, marcada por desigualdades, carências de infraestrutura, aprendizado insuficiente ou inadequado e outras deficiências, restando reconhecer que o país fracassa em oferecer o básico às crianças e adolescentes brasileiros.
Menos da metade das escolas tem acesso a esgoto, mais de 20% não contam com coleta de lixo e menos de 39% das salas de aula têm algum tipo de climatização, como ar-condicionado ou aquecedor. Só 20% das escolas têm laboratório de ciências no ensino fundamental II, enquanto no ensino médio o índice não chega à metade do total das escolas.
A conectividade melhorou – mais de 95% das escolas públicas têm acesso à internet. Entretanto, só 44,5% seguem os parâmetros, como velocidade de conexão, considerados adequados para o uso pedagógico. Há ainda números ruins (e desiguais) na oferta de bibliotecas e salas de leitura, laboratórios de informática, bem como parquinhos e áreas verdes para as crianças na educação infantil.
Infraestrutura rudimentar se traduz em más condições de aprendizagem. Menos alunos saem do ensino médio com aprendizado adequado em português e matemática do que há dez anos.
Imperam as desigualdades entre brancos, negros, indígenas e amarelos. A desigualdade racial fica evidente: é o caso das taxas de conclusão do ensino fundamental e do ensino médio, com distâncias que refletem os efeitos de um ciclo histórico de marginalização.
Os maus números se estendem aos docentes: a quantidade de professores sem graduação vem caindo, mas ainda é de 12,5%.
Vivemos numa sociedade do conhecimento sem dar a devida prioridade à escola pública, mantendo o erro de ter apenas uma ínfima parte da população preparada para o século 21. E assim o slogan: “Estudante cidadão do futuro” parece o álibi perfeito para justificar o vergonhoso fracasso do presente.