Paulo Nogueira Batista Jr., economista e ex-diretor do FMI (Fundo Monetário Internacional), considera que o Banco Central “exagerou na dose”, considera que o Banco Central “exagerou na dose” ao elevar a Selic em 1 ponto percentual, fechando 2024 em 12,25% ao ano. O Copom (Comitê de Política Monetária) indicou que, nos próximos encontros, promoverá novas altas da mesma magnitude. Para Nogueira, essas medidas são prejudiciais à economia e às finanças públicas. “Duas pancadas adicionais, como você disse, nas duas próximas reuniões, em cima de uma taxa de juros real já muito alta me parece ruim do ponto de vista da economia e das finanças do governo”, afirmou ao Poder360.
JURO ALTO PREJUDICA NEGÓCIOS
O ex-diretor do FMI destaca que os juros elevados afetam diretamente as contas públicas e o pagamento da dívida federal. “Quem ganha com esses juros altos? O governo perde, porque paga mais juros. E quem embolsa? Os ricos, super-ricos e a classe média alta. Isso concentra a renda, reduz a atividade econômica e gera insatisfação no setor produtivo”, avaliou.
Nogueira também critica o cenário de juros altos no Brasil, referindo-se ao país como o “paraíso do rentista”. “Por que investir e correr riscos no mercado se você pode simplesmente ganhar juros reais com a Tesouraria? Se você comprar um título Tesouro IPCA+ com risco de crédito quase nulo, onde mais no mundo isso existe?”, questionou o ex-diretor do FMI.
O mercado financeiro prevê que a Selic termine 2025 em até 15%, após o aumento significativo promovido pelo Banco Central.
QUEM É O EX-DIRETOR FMI?
Paulo Nogueira Batista Jr., de 69 anos, nasceu no Rio de Janeiro. Foi vice-presidente do NDB (Novo Banco de Desenvolvimento) de 2015 a 2017 e diretor-executivo do FMI pelo Brasil e mais 10 países de 2007 a 2015. Em 2024, publicou o livro Estilhaços, que reúne contos e crônicas, pela editora Contracorrente.