A pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), técnicos do governo federal estudam medidas para reduzir ou até zerar a tarifa de ônibus no Brasil. O chefe do Executivo quer tentar resgatar o teor geral de uma proposta apresentada em 2012 pelo agora ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à presidente Dilma Rousseff, que não gerava impacto no resultado fiscal primário.
Por outro lado, estudo conduzido pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/UFMG) aponta que a Tarifa Zero – projeto que institui a gratuidade das passagens de ônibus em Belo Hrozonte - teria potencial para anular a inflação que reduz o poder de compra das famílias de baixa renda na capital.
Conforme simulações feitas pelo Ipead, se a proposta já estivesse em vigor em 2022, a inflação anual medida pelo Índice de Preços ao Consumidor de Belo Horizonte (IPCR-BH) teria sido negativa, chegando a -1,14%. No ano seguinte, o índice cairia para -1,80% e, em 2024, para -0,70%. O IPCR mede a variação de preços das despesas habituais das famílias.
O estudo mostra que a tarifa de ônibus é o item de maior peso no custo de vida da população de baixa renda. Por isso, segundo o Ipead, a retirada do gasto teria revertido completamente o impacto da alta de preços, transformando a inflação em deflação.
Outro ponto destacado pelo levantamento é que os reajustes aplicados às tarifas pesaram diretamente sobre o orçamento familiar nos últimos anos - só em 2024 o impacto foi de 15,12%. Sem esses acréscimos, o custo de vida não apenas deixaria de subir, mas passaria a cair.