O presidente Lula conversou por telefone nesta quinta-feira (7/8) com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. O assunto entre os dois governantes foi o fortalecimento do BRICS (grupo que reúne os principais representantes do Sul Global) para enfrentar a guerra tarifária iniciada por Donald Trump. O líder brasileiro já havia dito na quarta-feira (6/8), em entrevista a Reuters, que entraria em contato com os líderes do BRICS para debater uma resposta conjunta ao tarifaço.
Os dois chefes de Estado discutiram ainda a meta de ampliar o comércio entre os indianos e os brasileiros para mais de US$ 20 bilhões até 2030. Ambos teriam concordado em aumentar o acordo entre Mercosul e Índia. Além de Brasil, China, Índia e Rússia, também integram o grupo BRICS, que reúne economias emergentes, a África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. Além disso, mais de 40 países já demonstraram interesse em entrar para o BRICS.
De acordo com o governo, os líderes discutiram as tarifas impostas pelos EUA a vários países do mundo, sendo que o Brasil e a Índia foram os afetados com os níveis mais altos. “Brasil e Índia são, até o momento, os dois países mais afetados. Ambos reafirmaram a importância em defender o multilateralismo e a necessidade de fazer frente aos desafios da conjuntura, e explorar possibilidades de maior integração entre os dois países”, informou o governo por meio de nota.
Lula adiantou que falaria primeiro com Modi e, em seguida, ligaria para o presidente da China, Xi Jinping, para tratar sobre o mesmo assunto. Segundo o presidente, a ideia é construir uma posição unificada entre os países emergentes diante do que considera uma “ação abusiva” do governo Trump.
“Vou tentar fazer uma discussão com eles sobre como é que cada um está dentro da situação, qual é a implicação que tem em cada país, para a gente poder tomar uma decisão”, destacou Lula. “É importante lembrar que o BRICS tem dez países no G20”, prosseguiu, referindo-se ao grupo que reúne 20 das maiores economias do mundo.
Na quarta-feira (6/8), entrou em vigor a tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, que se soma à tarifa recíproca de 10%, totalizando 50%. A Casa Branca, no entanto, acabou tendo que excluir da sobretaxa 694 itens, como aviões da Embraer, suco de laranja e petróleo.
Nesta mesma quarta-feira, o chefe da Casa Branca publicou decreto impondo uma tarifa adicional de 25% sobre os produtos da Índia, dizendo que o país importa direta ou indiretamente petróleo da Rússia. Analistas avaliam que, em função do declínio da economia americana e o fortalecimento do BRICS, Donald Trump elegeu este grupo como “adversário” e está atacando especialmente os integrantes do grupo.
