Quadrilhas do Rio de Janeiro estão usando rede sociais para promover o crime e recrutar jovens, destacando-se o Comando Vermelho (CV). Perfis exibem armas, drogas e ostentação, atraindo simpatizantes e novos membros.
A polícia monitora essas atividades e remove conteúdos ilegais, mas enfrenta desafios para conter influência dessas ações nas plataformas digitais. Especialistas alertam sobre a necessidade de vigilância parental e intervenção social.
TRÁFICO ÚNICA FORMA MUDAR DE VIDA
Organizações criminosas como o Comando Vermelho buscam projetar, para além de seus territórios, uma imagem positiva de liberdade e de vida de luxo. Criminosos posam em motos e carros caros roubados, vendendo a falsa ideia de que o tráfico é a única forma de mudar de vida. E, quando morrem, recebem homenagens como “saudades eternas”, para reforçar a narrativa de que não foram esquecidos e de que o tráfico se importa com seus mortos, que não seriam pessoas más. É um marketing direcionado à sociedade.
Segundo a polícia a Inteligência das Polícias Civil e Militar, monitora as redes usadas pelas facções - principalmente pelo CV, que costuma se exibir propaganda do crime mais em contas no Instagram e no TikTok.
Para driblar a moderação das plataformas, o que pode derrubar as contas, os traficantes evitam mostrar o armamento por inteiro. Quando o fazem, recorrem a edições: borram o fuzil ou colocam figurinhas infantis por cima.
O início na vida do crime é na adolescência, numa escalada. A ideia é de glamour: mulheres, dinheiro, poder. Observou-se que, entre os mortos na megaoperação, a maioria tinha passagens pela polícia. Isso mostra como a Justiça falha, pois perdeu a oportunidade de ressocializá-los.
PLATAFORMAS DIZEM COIBIR
Procurado, o Tik Tok removeu os perfis encontrados pelo O GLOBO por entender que “violavam as Diretrizes da Comunidade”. A empresa disse que combina a tecnologia com revisão humana para identificar e remover publicações que ferem as regras da plataforma. A Meta, dona do Instagram, informou que suas políticas não permitem o uso para promover atividades criminosas ou conteúdos que glorifiquem, apoiem ou representem organizações e indivíduos perigosos.
“Removemos esse tipo de conteúdo sempre que identificamos violações e estamos continuamente aprimorando nossa tecnologia para detectar e lidar com atividades suspeitas. Também incentivamos as pessoas a denunciar qualquer conteúdo que considerem contrário aos nossos Padrões da Comunidade, ajudando-nos a manter nossas plataformas seguras para todos”, afirmou em nota. Os perfis enviados pela reportagem, diz a Meta, foram removidos.


