Apesar da isenção de quase 700 itens que estarão isentos da sobretaxa de 50% setores importantes do agronegócio, como de café e carne bovina não escaparam da taxação. Representantes das indústrias defendem agora que governo continue a negociar com os Estados Unidos a tempo de evitar a tarifação adicional sobre seus produtos antes do início de sua vigência, na próxima quarta-feira (6/7).
BAIXAR PREÇOS NO BRASIL
Para o consumidor brasileiro, no curto prazo, uma eventual redução nas exportações para os Estados Unidos tende a baixar os preços desses produtos no Brasil. “Esse aumento de oferta tem de ser escoado para algum mercado, mesmo que seja o doméstico, e isso pode realmente favorecer uma queda no preço”, diz André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
“Só que não é um movimento sustentável a longo prazo, porque à medida que a gente não encontra novos parceiros comerciais – e essas relações levam tempo para serem estabelecidas – a oferta desses produtos tende a ser redimensionada para não diminuir muito a margem da indústria”, explica o economista.
No caso do café, a previsão é que a safra atual seja melhor do que a dos últimos anos, o que deve favorecer ainda mais uma deflação do grão no mercado brasileiro. “Essas quedas ajudariam a conter a inflação de alimentos, considerando que a commodity subiu 80% em 12 meses – ou seja, há uma gordura grande para devolução”, prossegue Braz.
“Só que o segmento vai se ajustando nos próximos anos, porque se o cafeicultor ofertar café demais, o preço vai continuar caindo a ponto de as vendas não compensarem os custos de produção”.
No caso da carne bovina, o período de ajuste seria diferente, uma vez que há grande demanda pelo produto brasileiro na China e em outros países asiáticos. Há uma expectativa no setor de que o Japão abra em breve o mercado para a proteína brasileira, após a declaração de que o Brasil está livre de febre aftosa sem vacinação em todo seu território.