Parlamentares de partidos do centrão têm frustrado a expectativa de bolsonaristas de engrossar os pedidos de anistia aos réus do 8 de Janeiro para enfrentar as tarifas aos produtos brasileiros e a sanção ao ministro Alexandre de Moraes impostas pelos Estados Unidos.
Mesmo com críticas pontuais ao governo Lula (PT), há um sentimento geral nas conversas de que o clã Bolsonaro saiu com a imagem arranhada e afastou ainda mais a possibilidade de aprovação de um perdão para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A avaliação geral no Congresso é de que Lula saiu fortalecido eleitoralmente do embate e que o pacote de medidas que será apresentado pelo petista ao Congresso para auxiliar na sobrevivência dos setores atingidos —como carne, pescados e café— deve significar uma nova pauta positiva para o governo.
Congressistas dizem que será custoso politicamente se opor a essas medidas ou usá-las para atacar o petista, embora parte dos integrantes do centrão acusem Lula de falta de diálogo com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e com o governo americano.
APOIO DA DIREITA À TRUMP AJUDOU LULA RECUPERAR POPULARIDADE
Tanto o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), como do Senado, David Alcolumbre (União Brasil-AP), se alinharam publicamente ao governo Lula e ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
Em notas divulgadas na última quarta-feira, Motta e Alcolumbre mencionaram a soberania, discurso do governo e do PT contra as medidas de Trump.
Mesmo entre bolsonaristas, há a percepção de que a aprovação da anistia se tornou ainda mais custosa, com o discurso de não aceitar interferência externa num julgamento no país.
Na bancada do PT, a leitura é a de que o momento é positivo, com o bolsonarismo acuado e o centrão alinhado ao governo. Um deputado afirma que a oposição, ao apoiar as sanções de Trump, acabou ajudando Lula a recuperar popularidade. Com a prisão de Carla Zambelli (PL-SP) também nesta semana, a leitura é a de que a direita radical vive um inferno astral.
Contra a recuperação da avaliação de Lula, parte dos líderes do centrão busca encampar um discurso de que o governo brasileiro foi inábil para tratar com Trump.