Uma máquina capaz de identificar o sexo do pintinho ainda dentro do ovo, no início da vida embrionária, é a aposta da empresa Raiar Orgânicos para que a produção de ovos no Brasil seja menos cruel para os machos.
Sem regulamentação específica, aves [pintinhos] de sexo masculino são descartadas pela indústria em todo o mundo após o nascimento, e são triturados vivos para transformação em ração animal.
A nova tecnologia, chamada de Chevvy, trazida da Alemanha de forma pioneira —o equipamento é o primeiro do tipo instalado no hemisfério Sul— consiste em utilizar iluminação e escaneamento capazes de identificar em cinco segundo se o embrião, no 13º dia, é um pintinho ou uma pintainha —nome dado às fêmeas—, descartando os machos ainda nos ovos, sem que haja risco de sofrimento para a ave.
O equipamento chegou ao Brasil em março e começou a funcionar em julho, para atender a unidade da Raiar na região de São José do Rio Preto, oeste do estado de São Paulo. A partir de dezembro, todos os ovos produzidos pela empresa serão provenientes de fêmeas separadas por meio da sexagem embrionária automatizada.
A margem de erro da tecnologia é de 3%, ou seja, de cada cem ovos analisados, três são machos e são destinados imediatamente à produção de ração com alto nível proteico. Os outros 97 ovos vão gerar fêmeas poedeiras, e voltam para a incubadora onde serão chocados.
A máquina tem capacidade para identificar e separar 6.000 ovos por hora, com o auxílio de profissionais. O modelo pode funcionar 100% automatizado, identificando 25 mil ovos por hora. No mundo, a estimativa é que 7 bilhões de pintinhos são descartados por ano, sendo 140 milhões só no Brasil, segundo dados do setor.
A técnica já é utilizada em países da Europa, como a Alemanha, e há duas máquinas do tipo nos Estados Unidos, mas apenas na França e na Alemanha há leis obrigando a sexagem e a separação de machos e fêmeas logo no início por causa do bem-estar animal.
Além da separação após o nascimento, há outras opções, mas são mais invasivas. No caso da Chevvy, a sexagem embrionária pode ser feita no 13º dia de fecundação, sem que seja necessário tocar no ovo, o que reduz riscos de rachaduras e faz com que não haja perda dos ovos por apodrecimento, nem seja interferido no bem-estar das aves.
A separação ocorre com luz e escâner, que identifica o sexo por meio da cor da penugem do animal. Se é mais voltada para o marrom, trata-se de uma fêmea. Se for mais para o branco, é um macho. A tecnologia alemã ainda não consegue determinar o sexo de aves totalmente brancas.