Entre 2017 e 2022, ano do Censo, cerca de 825 mil paulistas saíram do Estado e chegaram 736 mil novos moradores. O saldo negativo é de quase 90 mil. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira, 27.
Entre os motivos para essa mudança, está a troca de grandes centros urbanos por cidades menores, em busca de qualidade de vida, o aumento das chances de emprego em outras regiões e a possibilidade de trabalho remoto. Mas, apesar da queda, o Estado ainda é o que mais recebe migrantes dentro do País.
O Censo revela forte deslocamento de paulistas para o Nordeste, especialmente Bahia, Pernambuco e Ceará, assim como Minas e Paraná.
O destino que teve maior aumento de procura, porém, foi Florianópolis - Santa Catarina foi o Estado que teve o maior saldo positivo de migração no País.
Mudança em São Paulo
São Paulo registra queda inédita, mas impacto é menor do que em regiões como o Distrito Federal
A taxa de migração líquida calcula a diferença entre imigrantes (quem entra em uma região) e emigrantes (quem sai de uma região) pela população residente
TAXA LÍQUIDA DE MIGRAÇAO (EM PORCENTAGEM)
A perda de força de São Paulo como polo de atração de migrantes é um recorte do cenário nacional, que revela fluxo crescente dos brasileiros para o Sul e o Centro-Oeste. Nessas regiões, o avanço do agronegócio e a boa infraestrutura urbana têm chamado a atenção de quem deseja se mudar.
O Censo não indica inversão completa no vetor da migração, mas sim uma equiparação na quantidade de pessoas que migra entre os Estados. Ou seja, muitas pessoas ainda fazem a rota Nordeste-São Paulo, mas é cada vez maior a quantidade de pessoas que migra no sentido inverso.
Por trás dessa mudança, há melhora geral de infraestrutura e maior acesso à educação no Nordeste e em outras regiões menos desenvolvidas do País, o que eleva as chances de permanência no local de origem ou migração interna.
“Os migrantes do Sudeste para o Nordeste são fluxos metrópole-interior. Pessoas que saem das metrópoles do Sudeste e vão para o interior, cidades não metropolitanas. Isso está relacionado ao crescimento econômico no Nordeste”, diz Luís Magalhães, coordenador adjunto do Observatório das Migrações da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
No passado, por exemplo, as fábricas do ABC paulista eram alguns dos focos de migrantes na busca por emprego em São Paulo. Nas últimas décadas, porém, a região viu diminuir seu peso nesse setor econômico e o surgimento de novos polos industriais, como em Camaçari (BA) e Maracanaú (CE).
Outro fator por trás da perda de interesse em São Paulo está no crescimento econômico de outras regiões, especialmente o Sul e o Centro Oeste, onde o agronegócio tem se destacado para a geração de emprego.
Fuga dos mais velhos
O Censo demonstra também crescimento rápido no êxodo de pessoas com mais de 30 anos, enquanto recua o deslocamento de jovens e crianças. Isso pode estar relacionado ao deslocamento de profissionais mais experientes, que podem seguir trabalhando para empregadores de São Paulo em regime de trabalho remoto ou freelancer.
Também influenciam essa conta os aposentados, que buscam fugir da agitação urbana da capital paulista em busca de mais qualidade de vida e, em muitos casos, preços mais acessíveis.
Pesam ainda neste cenário os sucessivos episódios de violência urbana em grandes cidades, como invasões de casas e latrocínios, que assustaram moradores de bairros paulistanos de classe média alta nos últimos meses.
Mais informações https://www.ibge.gov.br/