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Variedades Quarta-feira, 02 de Julho de 2025, 17:00 - A | A

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Função de animal de suporte emocional exige responsabilidade e acompanhamento, dizem especialistas

Especialista do Conselho Federal de Medicina Veterinária dá detalhes sobre essa categoria de animais: 'São seres sencientes, que têm necessidades específicas'

Da Redação

Cachorros, gatos, cavalos, passarinhos... O Brasil é um dos países que mais ama animais de estimação no mundo, e mais de 70% das famílias brasileiras possuem algum pet em casa, segundo o Instituto Pet Brasil (IPB).

Mas, para além de apenas um "pet", alguns destes seres levam outro nome: animais de suporte emocional.

Em entrevista, Ingrid Atayde, médica-veterinária, psicóloga e chefe do Setor de Comissões Técnicas do CFMV (Conselho Federal de Medicina Veterinária), fala mais sobre essa função.

Ingrid explica que o CFMV não reconhece, oficialmente, a categoria de "animal de suporte emocional", mas há o reconhecimento de categorias de serviços para as quais os animais são utilizados, de acordo com aptidões ou atribuições - como um cão-guia, por exemplo.

"O animal de serviço é aquele que provém de uma linhagem selecionada, passa por um treinamento específico para detectar padrões relacionados à necessidade da pessoa que acompanhará, e as respostas adequadas."

Um cão-guia observa estímulos visuais e ajuda a pessoa com deficiência visual a evitar perigos. O cão-ouvinte faz o mesmo, mas com estímulos sonoros: "Há animais treinados para detectar a alteração da glicemia sanguínea (alterações da glicose no sangue que podem levar pessoas convulsões e óbito) ou a alterações no cortisol, um hormônio que indica aumento do estresse e iminência de crises, como no caso de pessoas que estão no TEA (espectro autista), crises convulsivas ou diversas outras situações de risco à vida. Após essa percepção, esses animais podem alertar familiares, podem buscar medicamentos, podem se colocar próximo à pessoa, impedindo acidentes e auxiliando na regulação emocional. É uma atuação muito específica."

"O animal de suporte emocional não recebe, necessariamente, treinamento específico, mas sua presença é essencial para a pessoa."

O animal de suporte emocional também se destina a auxiliar uma única pessoa, sem treinamento específico. Mas sua presença funciona como um apoio, diminuindo quadros ansiosos e depressivos.

"A convivência com animais é, também, uma fonte de ocitocina e dopamina, substâncias endógenas que aumentam o bem-estar e auxiliam a lidar com situações de tensão e estresse. O relacionamento com os animais também pode auxiliar como motivação para atividades físicas, tempo ao ar livre e sociabilização", diz Ingrid.

O animal poderá ser levado a locais como hospitais, escolas, centros de reabilitação e diversos tipos de instituições, como fonte de afeto e conforto para diversas pessoas: "Ele poderá também acompanhar profissionais como psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos em consultório, facilitando ou participando de intervenções clínicas estruturadas".

Nesse caso, laudos ou atestados que comprovem a necessidade de um animal de suporte emocional devem vir um profissional da saúde mental, como um psicólogo: "Só ele pode afirmar sobre sua necessidade e sobre a natureza do seu vínculo com o animal. O médico-veterinário pode atestar somente sobre a saúde do animal e sua aptidão comportamental."

Há também uma preocupação em não se banalizar o termo, para que aquelas pessoas que realmente tem alguma necessidade especial diagnosticada não seja prejudicada pelo mau uso ou usurpação da prerrogativa de cuidado com a saúde mental.

"O tutor precisa demonstrar essa necessidade de apoio emocional. O animal mesmo não precisa passar por treinamento ou avaliação específica, somente o tutor", explica Ivan Gregorio, veterinário cirurgião e pneumologista.

Para viagens, o médico-veterinário deve emitir o atestado sanitário, conforme previsto em normatizações específicas. Se solicitado, pode também atestar sobre o comportamento do animal, resposta a treinamentos de obediência, de forma a esclarecer se o animal apresenta risco, sanitário ou comportamental, às pessoas ou outros animais a sua volta.

Cuidados necessários

Dar esse suporte emocional pode trazer riscos à saúde mental ou emocional dos próprios animais? Segundo Ingrid, sim, caso o tutor não tome certos cuidados: "Precisamos lembrar que os animais não são somente uma ferramenta. São seres sencientes, que têm necessidades específicas quanto à sua saúde física e emocional."

"A pessoa precisa entender que esse animal trará gastos com vacinas, checkups, tratamentos médicos, que tendem a aumentar com a idade e chegada da velhice."

Em termos emocionais, o animal precisa ter a liberdade de exercer o comportamento da sua espécie e sua raça, o que pode significar uma demanda mais alta por brincadeiras, espaço ou até mesmo por menos convivência social. "Além da predisposição da raça, precisamos lembrar que cada animal é um indivíduo, que pode – ou não – se comportar como as pessoas esperam ou gostariam."

"É muito importante estar ciente de que o animal não é um mero recurso terapêutico, uma ferramenta ou um objeto a serviço da pessoa. É um ser vivo, com suas próprias necessidades. Sendo assim, o limite ético passa pela capacidade de prover a esse animal as condições de uma vida digna, em que ele tenha acesso a cuidados de saúde, alimento e água em quantidade e qualidade adequadas, espaços adequados para descanso, exercício e brincadeiras e respeito à sua individualidade."

Ivan destaca que esses animais precisam ter uma rotina alimentar com atenção redobrada: "Devido a essa questão de alta carga emocional, ele pode ter alguma mudança em relação à questão de apetite, para mais ou para menos. Regular a parte nutricional da alimentação, ter um profissional da equipe de nutrologia, e fazer exames constantes para verificar se esse animal está realmente com a fonte nutricional dele dentro do equilíbrio é importante."

Outra mudança a se observar é a de comportamento do animal, segundo o veterinário: "Qualquer agressividade repentina, ficar latindo demais, os latidos excessivos, alteração na questão do apetite, querer ficar recluso, não querer interagir com outras pessoas. Acabar tendo alguma inatividade ou tentando se isolar são alguns dos sinais que a gente consegue observar nesse animal."

E também sinais de postura: "Ficar com a orelhinha para trás, a cauda mais abaixada, encolhida, o corpo mais rígido, isso pode também indicar para a gente um desconforto emocional importante".

Uma curiosidade é que pets idosos podem ser ótimos animais de suporte emocional, mas Ivan ressalta que esses cuidados citados acima precisam ser tomados ao longo de toda a vida do animalzinho, principalmente quando atingem a terceira idade: "A velhice pode trazer problemas de saúde, dificuldade de movimento, deixar o animal idoso incapaz de fornecer esse apoio emocional também, principalmente essa questão dos sentidos principais, visão, audição, olfato..."

"É possível minimizar os riscos, garantir um melhor bem-estar para esse animal, e duas coisas que a gente sempre recomenda são: descanso e lazer".

O tutor deve estipular momentos para atividades que esses animais apreciam, como brincadeiras e passeios: "A sobrecarga constante, a necessidade de oferecer apoio e conforto a longo prazo pode exaurir esse animal. Dar a ele uma fonte de lazer, de brincadeira, de passeios constantes, vai auxiliar bastante a diminuir o estresse desse animal."

Outro ponto importante são as leis que permitem a entrada de animais de suporte emocional em determinados locais públicos, diz Ivan:

"Ter familiaridade com a lei, com regulamentos que protegem o uso desse animal de apoio emocional... Deixar ele sempre identificado, com ferramentas de limpeza e higiene, também demonstram que você e o seu animal respeitam o espaço público e que essas pessoas ao redor podem ficar calmas em situações que são um pouco mais desafiadoras".

"Manter a calma, explicar a função desse animal, demonstrar respeito pelas outras pessoas e estar buscando sempre apoio, que é o mais importante."

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