Durante muito tempo Gaby Amarantos lutou contra a balança. A cantora custou a descobrir o que a fazia ganhar peso até que a terapia a ajudou a identificar a razão do que para ela era um problema: a artista sofria de compulsão alimentar.
Gaby contou em uma entrevista que a compulsão não prejudicava apenas a sua saúde física, mas também a mental.
"Tive episódios que realmente me preocuparam e me fizeram pedir ajuda, pois já estava com confusão mental, com a cabeça cheia de problemas, vários distúrbios e ansiedades. Percebi que precisava cuidar da minha saúde mental e ter a disciplina de cuidar do meu corpo”, contou.
Entenda a compulsão
Muito se fala em compulsão alimentar, mas, afinal, o que exatamente é o problema? O que leva uma pessoa à compulsão? Como se liberar do problema?
De acordo Carolina Veras, psicóloga especializada em neuropsicologia, a compulsão alimentar é um comportamento que surge como uma tentativa de lidar com emoções difíceis ou desconfortos internos. Na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), entende-se que pensamentos automáticos negativos geram emoções como culpa, ansiedade, frustração, que podem ser aliviadas temporariamente pelo ato de comer.
“Isso cria um ciclo vicioso de alívio momentâneo seguido de arrependimento e mais compulsão. Além disso, pensamentos negativos sobre a própria falta de controle com a alimentação, tipo: ‘não tenho controle’, ‘não consigo parar de comer’, pioram ainda mais as emoções sentidas e o ciclo da compulsão. A compulsão também pode ser entendida como uma estratégia de evitação experiencial: a pessoa come para não sentir. Nesse caso, o foco do tratamento é ajudar o paciente a se abrir para suas emoções, aprender a sentir e tolerar essas emoções, e buscar comportamentos alinhados com seus valores, e não com o alívio imediato”, explica Carolina Veras.
A psicologia age ajudando a modificar pensamentos distorcidos sobre comida, corpo e valor pessoal, incentivando o paciente a desenvolver habilidades de enfrentamento emocional mais funcional, sem usar a comida. “A terapia ensina a construir uma relação mais gentil com o próprio corpo e restabelecer hábitos alimentares mais funcionais.”
A nutrição
Como identificar o que é compulsão e o que é fome? A nutricionista Natahsa Pecini explica que a compulsão surge de forma repentina, com urgência e normalmente é inespecífica, como a vontade súbita de comer um doce.
“Quando essa vontade urgente aparece, ela normalmente tem origem em um gatilho emocional, como ansiedade ou frustração. Nela, a comida é um alívio momentâneo, e não uma resposta ao que o corpo precisa - e é por isso que geralmente não se satisfaz com pequenas quantidades de comida.”
Em paralelo com o psicólogo, é preciso que uma nutricionista com foco em comportamento alimentar auxilie nesse tratamento. O profissional com essa especialidade ajuda o paciente a se reconectar com os sinais do próprio corpo, organizar a rotina alimentar de forma gentil, auxiliando no planejamento estratégico das refeições, sem proibições extremas.
“É preciso construir uma relação saudável com a comida, e entender os gatilhos que levam à compulsão. O foco é acolher, e não julgar. Muitas vezes, também trabalhamos em parceria com psicólogos, quando percebemos que a questão emocional está muito presente.”
A nutrição identifica como gatilhos da compulsão jejuns prolongados, dietas muito restritivas ou a sensação de “fiz tudo errado, então agora tanto faz”, explica Natasha, que orienta a elaboração de um plano alimentar direcionado a nutrir o corpo: “Sem proibições extremas, com regularidade, prazer e autonomia. Isso ajuda a reduzir muito o risco de episódios compulsivos. Mas é importante lembrar que, quando há causas emocionais profundas, o suporte psicológico também é essencial.”